XXIII Senemev traz relatos de experiências sobre o processo de acreditação e exemplos de estruturas consideradas de excelência

07/06/2017 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:45am

Por Carolina Menkes

Relatos e socialização das percepções do processo de acreditação foram debatidos no último dia do XXIII Seminário Nacional de Educação da Medicina Veterinária, nesta terça-feira (6/6), em Brasília. O evento teve início na segunda (5) e teve como tema a Acreditação dos Cursos de Medicina Veterinária.

Os representantes das três Instituições de Ensino Superior (IES) escolhidas para as visitas “piloto” realizadas pelo CFMV para testar o instrumento da acreditação falaram sobre a iniciativa. As instituições escolhidas são do Sul e Sudeste, sendo a última a região que contempla o maior número de escolas de Medicina Veterinária do país.

“Os desdobramentos das vivências podem resultar em ações que inspirem as boas práticas no país. O denominador comum é a criação de uma rede de confiança”, destaca o presidente da Comissão Nacional de Educação da Medicina Veterinária (CNEMV) do CFMV, Felipe Wouk.

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              Da esquerda para a direita, Felipe Wouk (CNMEV/CFMV); Rodrigo Paolozzi (Unicesumar); João Otávio Junqueira (Unifeob); e José Roberto Lalla (Unesp/Botucatu). Foto: Ascom/CFMV. 

Wouk ressalta que o instrumento tem como proposta um processo de verificação in loco e dialógico. “Queremos estar e conversar com as pessoas enquanto os processos de ação e educação acontecem na instituição”.

O médico veterinário João Otávio Junqueira, reitor do Centro Universitário Octávio Bastos (Unifeob), em São João da Boa Vista (SP), ressalta que a acreditação será a chancela de reconhecimento do CFMV sobre a qualidade de uma instituição.

“Acredito que a avaliação deve ser mais norteadora do que fiscalizadora, baseada na confiança de que é um instrumento que precisa ser valorizado e aprimorado”, pontuou.

Junqueira ressalta que o aprimoramento de uma instituição terá impacto em muitas outras. “Se minha instituição vizinha tem um mau desempenho, isso afeta meu desempenho profissional e todo mundo cai”, diz.

O reitor da Unifeob sugere ainda que práticas sejam compartilhadas por diferentes instituições. “Cada um precisa ter sua fazenda? Temos cursos muito perto uns dos outros e os laboratórios poderiam ser compartilhados. Mais uma vez estamos falando da confiança”, acredita.

Rodrigo Paolozzi, coordenador de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Maringá (Unicesumar), no Paraná, destaca que a avaliação é a oportunidade de alguém de fora trazer observações sobre o que pode melhorar. “Exercemos tantas tarefas por dia que se alguém de fora não pontua os problemas, muitas vezes não conseguimos enxergar, pois não estamos vendo o curso como um todo.”, destaca Paolozzi.

O diretor técnico-acadêmico da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu (SP), José Roberto Lalla, também acredita que independente do resultado, o trabalho é importante para se conhecer o curso de forma mais ampla. “É uma oportunidade para pensarmos como está nosso curso, quem estamos formando e onde queremos chegar”, diz.

Estabelecimentos de excelência

Exemplos de hospitais de pequenos e grandes animais e fazenda escola com excelência em seu funcionamento foram apresentados durante o XXIII Senemev.  

Daniel Gerardi, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ressaltou que o hospital de pequenos animais da instituição é sustentado por três pilares: ensino, pesquisa e extensão. Como iniciativas do hospital, ressaltou a utilização de manequins em alguma disciplinas, reuniões semanais com residentes sobre casos clínicos e a instituição de um programa voltado para a visita de estudantes de Ensino Médio que querem conhecer a profissão.

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              Daniel Gerardi, da UFRGS. Foto: Ascom/CFMV.

Entre características importantes para o hospital, Gerardi cita uma boa casuísta que permita ao aluno vivenciar a prática; equipamentos para que seja possível evoluir no diagnóstico; um número adequado de docentes e médicos veterinários; protocolos clínico-cirúrgicos estabelecidos; além da realização de pesquisas que permitam a evolução do hospital.

Gerardi, no entanto, faz uma ressalva: “O hospital pode ter todos esses itens, mas fazer ensino, extensão e pesquisa só é possível com a participação do aluno e precisamos avaliar a efetiva participação dos discentes nos hospitais”.  

Antônio José Aguiar, da Unesp de Botucatu (SP), e integrante da Comissão Nacional de Residência em Medicina Veterinária do CFMV, também destaca a importância do elemento humano no estabelecimento. “Podemos ter as melhores instalações e equipamentos importados, mas sem pessoas engajadas no ensino, extensão ou pesquisa não somos nada”.

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               Antônio José Aguiar, Unesp/Botucatu. Foto: Ascom/CFMV.

Aguiar destaca que ainda há muitos cursos de Medicina Veterinária que estão em funcionamento e não possuem um hospital veterinário. “Uma universidade pensa no hospital veterinário levando em conta o ensino. A extensão transmite à comunidade o que construímos e dá a ela a resposta ao investimento que faz para a universidade”, relata.

O diretor da escola de veterinária e zootecnia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Marcos Café, falou da importância e da estrutura das fazendas-escolas. “Considerando a necessidade do ensino de conteúdos práticos nas áreas de produção e reprodução animal, não se pode pensar em formar um médico veterinário competente sem passar por uma fazenda-escola”, acredita Café.

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               Marcos Café, da UFG. Foto: Ascom/CFMV.

As estruturas básicas de uma fazenda-escola, segundo ele, incluem instalações apropriadas que garantam segurança aos alunos e professores e o bem-estar dos animais, além de ser necessário considerar o fator da distância das cidades.

“As fazendas-escolas representam um verdadeiro desafio a ser enfrentado por cursos que desejam alcançar níveis de excelência no ensino e na formação do médico veterinário”, finalizou Café.  

Moção de apoio

Durante o evento, uma moção de apoio foi redigida pela CNMEV/CFMV e passada para assinatura dos participantes a favor da revitalização e obrigatoriedade do Exame Nacional de Certificação Profissional. O objetivo é que os médicos veterinários estejam mais preparados para o exercício profissional e que haja melhoria na qualidade do ensino nacional da Medicina Veterinária. (Mais informações em breve)

Confira aqui a galeria de fotos do XXIII Senemev. 

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