Vacina
19/12/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:01am
O Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria de Saúde de São Paulo, afirma estar próximo de lançar uma vacina inédita contra a Papilomatose Bovina, doença causada ao rebanho pelo BPV – vírus da mesma família do Papilomavirus Humano (HPV), um dos principais causadores do câncer de colo do útero nas mulheres.
Segundo o instituto, o produto mostrou-se eficaz em testes de campo. Durante 300 dias, 15 animais foram isolados e receberam uma dose da vacina, com "resposta imunológica significativa, quando comparados ao grupo de controle".
Rita de Cássia Stocco, diretora do laboratório de genética da instituição, explica que o problema ainda é pouco compreendido pelos criadores, não oferece risco à saúde humana, mas pode causar sérios prejuízos econômicos. "A doença provoca lesões em todo o corpo do animal, além de estar associada a tumores na bexiga e no esôfago, que podem levar à morte", explica a pesquisadora. As perdas mais expressivas, diz, são observadas nas fazendas leiteiras. No úbere, as feridas impossibilitam a ordenha e podem provocar uma queda de até 60% na produtividade. As verrugas também comprometem a qualidade do couro.
A pesquisadora diz que a presença do vírus pode ser detectada em 70% do rebanho. "Cerca de metade dos animais infectados desenvolve sintomas, que em muitos casos regridem naturalmente, mas também podem ressurgir". A transmissão acontece por meio do contato físico e do uso de objetos compartilhados, como seringas.
O Instituto Butantan estuda a doença desde 1988 e investiu cerca de R$ 3 milhões no desenvolvimento da vacina. Rita afirma que serão necessários mais três a cinco anos até que o produto esteja disponível para a comercialização. A próxima etapa compreende os testes de durabilidade da vacina. "Precisamos garantir não só que o produto seja bom, mas que tenha uma duração adequada e seja financeiramente acessível ao criador", afirma a pesquisadora.