Saúde Única é a pauta da Medicina Veterinária na 16ª Conferência Nacional de Saúde

06/08/2019 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:33am

No primeiro dia (5/8) da 16ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), o grupo NhaMaria Teatro e Memória abordou a temática “Saúde Única: Onde é que o bicho pega?”, na tenda Paulo Freire, espaço lúdico da Conferência reservado para as atividades culturais. De forma descontraída, o grupo utilizou a contação de histórias para narrar como a atuação do médico-veterinário não está ligada apenas à saúde animal, mas como tem relação direta com a saúde humana, com o tratamento das zoonoses, arboviroses e com a inspeção dos produtos de origem animal; bem como com a saúde do meio ambiente, para evitar a proliferação de doenças, como a leishmaniose. Confira o vídeo da apresentação no Instagram.

04 E 05/08/2019 - 16ª Conferência Nacional de Saúde


“Na saúde não existe separação, o que há é uma interdependência entre a saúde das pessoas, dos animais e do ambiente em que todos nós estamos inseridos”, explicou a médica-veterinária Adolorata Carvalho, titular do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) no Conselho Nacional de Saúde (CNS). Ela articulou a representação da Medicina Veterinária na 16ª CNS por meio desta interpretação teatral, com o apoio do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP). 

“Como médicos-veterinários, estamos aqui na Conferência para nos unir com todas as outras profissões de saúde e, com um trabalho multiprofissional, pensarmos em soluções para tantos problemas que nos atingem”, afirma.

O médico-veterinário e presidente da Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária (CNSPV/CFMV), Nélio Morais, respondeu aos questionamentos da plateia ao final da apresentação de tetro e enfatizou “se cuidarmos e equilibramos o ambiente, estamos fazendo o trabalho preventivo, pois o Sistema Único de Saúde (SUS) é isso: promoção e prevenção”. 

Tamanha é a importância do tema, que os médicos-veterinários estão mobilizados durante a CNS para conseguir o mínimo de assinaturas e submeter a moção à plenária da Conferência para incorporar a Saúde Única nas diretrizes do SUS e nas ações de vigilância em saúde e atenção básica. “Temos de nos antecipar aos fatos e quem faz isso é quem trabalha com Saúde Pública”, defendeu Morais.

“Promover a integração entre a saúde animal, humana e ambiental é prevenir a população de doenças como, febre amarela, dengue, leishmaniose, salmonela, leptospirose, e acidentes causados com escorpiões, diminuindo o número de ocorrências ao SUS”, exemplifica Morais. 

Ainda defendeu que “o SUS deve começar a partir das universidades brasileiras, esse é o caminho”, ao falar sobre a necessidade da grade curricular do curso de Medicina Veterinária ser mais rica em disciplinas que visem à Saúde Única e incorporar o que se defende nas Conferências de Saúde.

O médico-veterinário destacou também a importância dos centros de zoonoses, atividade que ainda é um grande desafio para o nosso país. “As unidades de vigilância de zoonoses estão sucateadas e aqui nesta 16ª CNS estamos idealizando uma moção de apoio à recuperação desses espaços, que são verdadeiros hospitais de Saúde Pública, de prevenção de arboviroses, de enfermidades emergentes e remergentes, bem como de orientação da população carente, que ainda sofre com condições precárias de saneamento básico ”, argumentou. 

Sobre como obter apoio do Conselho para ações de Saúde Pública nos municípios, Morais ainda explicou que para atividades de capacitação, o CFMV se compromete em enviar representantes especializados em temas de interesse, basta que solicitem ao Conselho Regional do estado.

A atividade do CFMV estreou os trabalhos da tenda Paula Freire na 16ª CNS, mas antes o presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto, fez a abertura ecumênica do espaço afirmando que era um momento simbólico em vista do legado deixado pelo educador Paulo Freire de querer e fazer o bem para os outros. “Que assim como Paulo Freire nos ensinou, que esse seja um momento de conviver, divergir, debater, contrapor, ser firme para defender ideias e se fazer entender sobre o que acredita, mas sem extremismos e de forma democrática e com ternura”, ressaltou. 

Piggato destacou que a tenda Paulo Freire simboliza um espaço de reflexão e de acolhimento. “Que seja um ambiente propício para cumprir o que viemos fazer aqui nesses quatro dias: o bom combate das ideias para aprovarmos as propostas e diretrizes da Conferência”, disse.  

Assessoria de Comunicação do CFMV