Saúde

27/08/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:43am

Hospitais municipais são criticados por pacientes. Serviço territorializado é reclamação em Clínicas da Família. Rio gastou R$ 1,33 por dia com saúde em 2011

A Saúde Pública do município do Rio de Janeiro pede socorro. Seja nos hospitais municipais ou em uma das 66 Clínicas da Família em funcionamento – até o fim do ano, serão abertas mais quatro -, quem depende do serviço público tem muito do que reclamar. Entre as principais críticas estão a falta de médicos e de leitos, a demora na marcação de exames, longas filas nas emergências e até mesmo o não atendimento.

No Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, zona sul, Anderson Souza, 25 anos, ficou mais de sete horas na fila à espera de atendimento para a mão infeccionada. Isso depois de ter percorrido outras seis unidades. "Eu não aguento mais ficar rodando atrás de hospital", desabafou ele, que mora em Campo Grande, zona oeste.

"Passamos por um posto médico, pelo Rocha Faria, pelo Pedro II, fomos em três UPAs [Unidades de Pronto Atendimento] e ninguém resolve o problema", contou, indignada, a mulher de Anderson, Luciana Teixeira, 25 anos.

Outro problema é a falta de informação para quem espera pacientes sem direito a acompanhante. Heloísa Rocha, 75 anos, não pode acompanhar o genro, com fratura na perna. Do lado de fora, ela ficou mais de cinco horas sem saber de nada. "A única coisa que me dizem é que não se têm notícias", lamentava a aposentada.

Desesperadora também foi a situação de Paulo Jorge Martins, 66 anos, ao chegar ao Miguel Couto com o sogro, de 87 anos, que passava mal. Sem um pronto atendimento, o resgate não foi imediato. "Falaram para aguardar. Mas, até quando? Eu vou ter que esperar meu sogro morrer dentro do carro?", protestou, aos berros.

De acordo com a secretaria municipal de Saúde, os hospitais da prefeitura trabalham "com política de portas abertas, atendendo a todos os pacientes". Já sobre o tempo de espera, alega que depende do caso: "Adotamos o sistema de classificação de risco. Pacientes em estado mais grave são atendidos antes, independente da ordem de chegada".

Clínica de nem toda família As Clínicas da Família também são motivo de indignação. Sebastião Albino, 48 anos, mora no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, zona norte, e, há mais de um ano, procura um neurologista para a sua filha especial, de 22 anos.

Ele foi às Clínicas de Tomás Coelho e de Vicente de Carvalho. Em nenhuma foi recebido. "Não nos atendem porque falam que não somos da área. Fico perdido, não sei aonde ir", desabafa.

A secretaria municipal de Saúde reconhece que as Clínicas têm "atendimento territorializado e apenas para pacientes previamente cadastrados".