PETS VIRTUAIS

12/03/2013 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:05am

Ter um animal de estimação não é fácil. É preciso espaço, alimentá-lo, levar ao Médico Veterinário, além de dar atenção e carinho. Por isso, muitas pessoas nem cogitam ter um bichinho real em casa. Mas, na década de 1990, com os avanços dos games, surgiram opções virtuais para aqueles que gostariam de ter um pet. Um dos precursores foi o Tamagotchi. O brinquedo se assemelhava a um chaveiro com botões e um pequeno visor, que mostrava o pet virtual. Avisos sonoros indicavam quando era o momento certo para as atividades do dia a dia.

Augusto Berto, 22 anos, relembra a mania de sua infância. Quando criança, seu pai chegou a ter uma loja de brinquedos na 412 Sul. E em uma das viagens para compra de novos aparatos, trouxe um Tamagotchi, novidade da época. No começo, Augusto revela que não achava muita graça, mas, depois, passou a cuidar como se fosse um bicho real. "Toda hora ele apitava, então, comecei a carregá-lo no bolso. Assim, acabei criando um laço afetivo. Sentia que se não cuidasse, realmente ele morreria."

Do mesmo modo que Augusto, muitos adoraram o brinquedo e passaram a levá-lo a todos os lugares. A febre era tamanha que alguns colégios chegaram a proibir o uso do aparelho em sala de aula, pois diversos alunos deixavam de prestar atenção às lições para cuidar do bicho. "Eu perdi vários na mão de professores, mas como meu pai era dono da loja de brinquedos, nem me importava muito e continuava levando o aparelho todos os dias", conta Augusto.

A febre passou, mas o sucesso do Tamagotchi mostrou que o gosto por cuidar de animais podia ser mais bem aproveitado. Diversas empresas passaram, então, a produzir jogos com essa temática. O ápice chegou com a popularização da internet e, principalmente, das redes sociais. Diversos jogos voltados para essas plataformas são criados com o objetivo de dar ao internauta entretenimento e, até mesmo, um contato, mesmo que apenas virtual, com a natureza.

No Brasil, a primeira rede a apresentar jogos desse tipo foi o Orkut. O site chegou a ter mais de 40 milhões de usuários no país, em 2008, e o game Colheita feliz passou dos 20 milhões de adeptos, em 2010, segundo a Mentez, desenvolvedora do aplicativo. O jogo consiste em cuidar de uma fazenda, sendo preciso alimentar animais e cuidar de plantações. Tudo produzido pode ser vendido e os ganhos servem para a compra de novos itens.

A rede social mais acessada atualmente, o Facebook, também se tornou abrigo para centenas de games do tipo. Um dos sucessos é o Farmville, que apresenta objetivos e jogabilidade semelhantes ao Colheita feliz. Desenvolvido pela empresa Zynga, o jogo chegou a contar com mais de 60 milhões de participantes por todo o mundo em 2010.

Ainda é sucesso

A enfermeira Natália Peixoto, 25 anos, recentemente, começou a jogar Farmville para "relaxar entre os estudos para concurso". "Eu gosto de animais e plantas e o game serve como uma válvula de escape, excelente para tirar o estresse. É preciso apenas dedicar alguns minutos para cuidar dos animais e das plantas, de forma simples e sem competições", revela a estudante, que passa de uma a duas horas, em média, jogando por dia.

Já a engenheira florestal, Carmen Florêncio, 57 anos, jogou Farmville por mais de dois anos e confessa que a brincadeira beirava o vício. "Uma amiga minha não sabia bem inglês e pediu para que eu a ajudasse em um game. Foi assim que comecei a jogar, em 2009. Depois de um ano, ficava cerca de quatro horas diárias na frente do PC, pois sentia necessidade de plantar, colher e fazer todas as tarefas. Depois, consegui diminuir essa vontade e parei de jogar para não atrapalhar outros afazeres."

E o futuro dos bichos virtuais ainda parece promissor. Com os lançamentos de Farmville 2 e do aplicativo do Tamagotchi para smartphones, ambos no fim do ano passado, os animais, sejam domésticos ou de fazenda, na internet ou nos víideogames, realistas ou pixelados, ainda terão muito espaço para se desenvolverem no mundo virtual.

Harvest Moon

Ainda na década de 1990, outro jogo fez sucesso pela possibilidade de cuidar de animais. Em 1997, a Nintendo lançou, para o console Super Nintendo, o Harvest Moon, no qual o jogador recebe de herança uma fazenda e tem de administrá-la. Para isso, é preciso semear, plantar, alimentar os animais, vender os produtos e até mesmo se casar. O sucesso foi enorme e gerou diversas sequências para vários outros consoles, como o Playstation, o Game Boy e o Nintendo DS. Atualmente, há mais de 20 títulos da série, sendo o último para o Nintendo 3DS.

Jogos de Gerenciamento

Games nos quais o jogador vive uma situação semelhante à realidade e que, normalmente, exigem uma frequência de jogo, são chamados jogos de gerenciamento ou simulação. Hoje em dia, há centenas delescom essas características das mais diversas áreas, em que o jogador pode cuidar de fazendas, parques de diversão, times de futebol e até mesmo de cidades inteiras. Existem empresas que utilizam os títulos em processos seletivos, avaliações e treinamentos de funcionários.