Palavra do Presidente – Uma reflexão sobre a crise hídrica no Brasil
12/02/2015 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:53am
Em 2014, a agropecuária teve uma importância fenomenal, principalmente, quando usada em argumentos das campanhas políticas para presidente da República e governos estaduais.
O crescimento da economia brasileira estava previsto para 1,5% em 2015, mas o Fundo Monetário Internacional (FMI) projetou um crescimento de tão somente 0,3%, neste início do ano. Conseguinte, quiseram capitalizar negativamente a todo custo, o setor da agropecuária. Tentam, por exemplo, responsabilizar o setor primário pela falta d'água, como se o produtor fosse responsável pela chuva.
A cidade precisa conhecer o campo. Para produzir milho, arroz, soja, feijão, leite e carne, precisamos de chuva. Os alimentos da vaca e do boi também necessitam de chuva. Ora, se a soja e o milho entram na composição da ração, eles também necessitam de chuva para a produtividade. Se a produção cai em função da falta de chuva, o rendimento fica comprometido e os preços se elevam, inclusive da carne e do leite.
Quando chove nas cidades, tudo se alaga. As ruas e avenidas se transformam em rios. Carros sobrenadam quando não ficam submersos. Precisamos refletir sobre a falta de infraestrutura de canais e esgotos e, também, a falta de educação do povo que joga lixo nas ruas. É preciso cobrar do poder público e das escolas e fazer campanhas educativas para conscientizar a população.
Os noticiários retratam que a agricultura é a responsável pelo consumo de 72% da água disponível. Tratam o produtor sempre como irresponsável, sem preocupação quanto à sustentabilidade de seus negócios e as causas de prejuízos aos urbanos.
Produzir fica mais difícil a cada dia. O seguro agrícola está cada vez mais complicado, contudo, alvíssaras pela preocupação da Ministra Kátia Abreu que coloca como uma de suas principais metas o seguro rural e a erradicação da febre aftosa. O seguro é fundamental para a nossa agropecuária. O produtor depende da natureza que pode lhe dar sucesso, mas também grandes fracassos com prejuízos inestimáveis.
A irrigação tem índice de eficiência de 98% e não desperdiça água como ocorre nas cidades. A recomendação para sua utilização é que seja aplicada quando o estresse hídrico está no máximo, aproveitando a água e não a desperdiçando, como tentam fazer crer. Assim, considera-se o ciclo hidrológico completo. O campo é responsável e preocupado com o futuro, desenvolvendo novas técnicas e aplicando inovações.
O modismo não está só nas roupas e nos calçados. A cada hora surgem pessoas com propostas inusitadas e conseguem adeptos para divulgar uma nova moda. Uns propõem humanizar os animais de companhia, outros abominam o consumo de carne, e há ainda outros que admitem o consumo do ovo ou só do leite. Assim tem caminhado a humanidade. Será que esses visionários já encontraram a fórmula de uma proteína que substitua a animal? Que venham publicar, para o bem de todos.
Quem tem sustentado este nosso país é o campo. Não existem indústrias e comércios que se sustentem ou se desenvolvam sem que haja a matéria prima produzida pelo campo. O fortalecimento da nossa economia está enraizada na agropecuária que tem sido, por séculos, o sustentáculo da nação. A geração de empregos de forma direta e indireta não tem comparação, apesar do destaque dado ao comércio e à indústria. Se há crise no campo, há um reflexo imediato para os demais setores. Saia da cidade e visite o campo. Não para destruir, mas para conhecer as belezas que a natureza proporciona. Conhecer como o produtor transpira para produzir para nós que vivemos na cidade e, talvez, não damos tanto valor. Aí aparecem os áulicos e jogam a culpa de falta dágua no campo. Pera aí!
Med.Vet. Benedito Fortes de Arruda
Presidente do CFMV