No 42º CBA, simpósio aborda a participação feminina na Medicina Veterinária

02/06/2023 – Atualizado em 02/06/2023 – 3:20pm

“Lugar de mulher é onde ela quiser!”. A frase pode soar como clichê, mas é cada vez mais importante que seja dita e reforçada, principalmente em rodas de conversas, como o Simpósio da Mulher na Medicina Veterinária, promovido no último dia do 42º Congresso Brasileiro da Anclivepa (CBA 2023), realizado nos dias 24 a 26 de maio, na capital do Ceará, Fortaleza.

Foi o que defenderam as médicas-veterinárias Bruna Boa Sorte, Maria José de Sena, Vera Lúcia Machado, e a psicóloga Bianca Gresele, participantes do painel, que também abordaram os principais desafios a serem superados pelas mulheres na profissão.

Não por acaso, a Associação Mundial de Veterinária (WVA) e a HealthforAnimals escolheram como tema a promoção da diversidade, da equidade e da inclusão na profissão veterinária para celebrar o Dia Mundial da Medicina Veterinária em 2023.

A médica-veterinária Bruna Boa Sorte, consultora na área de inovação e tecnologia, falou sobre o apontamento do estudo do Fórum Econômico Mundial, que afirma que o aumento da presença feminina no mercado de trabalho poderia acrescentar US$ 12 trilhões à economia mundial até 2025.   

“Mulheres têm que ocupar os espaços no mercado de trabalho, elas trazem mais equilíbrio, geram mais valor monetário”, assinalou a médica-veterinária Bruna Boa Sorte, que compartilhou a sua trajetória na área de inovação e tecnologia.

Mulher na Medicina Veterinária

Para exemplificar a presença da mulher na Medicina Veterinária, a médica-veterinária Vera Lúcia Machado, presidente da Associação Nacional dos Clínicos Veterinários de Pequenos Animais do Rio Grande do Sul (Anclivepa/RS), apresentou uma linha do tempo com a inserção das primeiras mulheres na profissão.

“Os dados de presença das mulheres quase não existem nas primeiras décadas da Medicina Veterinária. A atuação feminina era destinada somente ao ensino e à clínica veterinária de pequenos animais”, expôs Vera Lúcia.

Somente na década de 1980 foi que a presença feminina começou a ser acentuada. Já no ano de 1983, foi fundada a Academia Brasileira de Medicina Veterinária, que, hoje, conta com a participação de três mulheres, entre elas a médica-veterinária Mitika Hagiwara, professora titular da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP (FMVZ-USP).

A médica-veterinária Maria José de Sena, presidente da Comissão Nacional de Educação da Medicina Veterinária (CNEMV/CFMV), defende que, atualmente, as mulheres podem ocupar os cargos que desejarem, desde a clínica de pequenos animais, passando pelo campo até os altos cargos de gestão nas universidades.

“Não estamos falando de força, mas de competência, determinação, respeito e resiliência. Nunca deixe de assumir o seu papel por conta de preconceitos e conceitos que não dizem respeito a vocês, mulheres, quando assumimos um compromisso, assumimos porque sabemos dos impactos e resultados que serão gerados”, enfatizou Maria José de Sena.

Questões como dupla ou tripla jornada, síndrome da impostora, violência doméstica, preconceito de gênero, assédio e machismo estrutural fizeram parte da pauta do debate.

“Não estamos combatendo pessoas, mas sim o machismo, a desigualdade. É preciso abordar o tema da mesma forma como discutimos projetos e desenvolvimento”, assinalou Bruna Boa Sorte, que complementou: “vamos fomentar o debate e pensar em soluções”.

 

Assessoria de Comunicação do CFMV, com apoio das assessorias do CRMV-SC e do CRMV-MT