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15/08/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:43am

O aumento dos preços dos grãos levou os pecuaristas de Mato Grosso, estado que concentra o maior rebanho do País, a rever sua intenção de confinar gado neste ano. Segundo a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), em abril, quando foi feito o primeiro levantamento de intenção de confinamento para 2012, a expectativa era de um aumento de 14% com relação ao ano passado, com 929.942 mil cabeças. Mas o segundo levantamento realizado em julho apontou queda de 20,4% com relação ao primeiro, com 740.422 mil animais. Na comparação com o ano de 2011, quando foram confinados 813.947 mil cabeças, o recuo é de 9%.

"Na hora da tomada de decisão o produtor faz algumas perguntas simples: quanto custa, por quanto eu posso vender e quem vai comprar?", explicou em nota o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari. Para ele, apesar da queda, "não deve faltar boi gordo para o abate, já que a oferta continua grande, pela pouca representatividade do boi confinado na escala". E acrescenta: "Não existe motivo para o varejo aumentar o valor da carne, pois, além de ter uma margem de lucro que ultrapassa os 140% nos últimos 5 anos, não vai faltar boi para ser abatido".

O preço da arroba do boi gordo registrou baixa de 6% de janeiro a julho deste ano e chegou aos patamares de 2010. "Uma informação nada atrativa para o produtor investir no confinamento, que é um sistema bem mais oneroso do que criar a pasto", disse Vacari. Em contrapartida, a variação nos preços do farelo de soja no mesmo período é de 122% superior e nos de milho, 32%. Somado a isso, acrescenta a Acrimat, as chuvas se prolongaram até o mês de junho, o que fez com que os produtores engordassem o gado a pasto por mais tempo, tirando a intenção de utilizar o sistema mais ostensivo. "Apesar de o confinamento estar crescendo, ele ainda é utilizado pelo produtor como ferramenta de engorda no período da seca", contou o superintendente da Acrimat.

Marfrig e BRF
Quando a intenção de confinamento para 2012 é comparada com os animais confinados em 2011 por regiões, o cenário só é positivo em uma delas. A variação na região oeste deve crescer 6,3%, saindo de 159.905 mil cabeças em 2011 para 170.041 mil este ano. Mas, quando analisada a intenção dos produtores do oeste de abril para julho deste ano, houve uma desistência de confinamento de 19,5% no número de animais. "Essa região cresceu porque os frigoríficos estão com confinamento próprio, como o Marfrig e o BRFoods", revela o gestor do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária de MT (Imea), Daniel Latorraca, que coordenou o levantamento.

A região mato-grossense onde mais caiu a intenção de confinar foi a noroeste. Em 2011, foram confinadas 147.790 mil cabeças e em julho desde ano, os produtores revelaram a intenção de confinar 90.426 mil cabeças, queda de 38,8%. O noroeste enfrenta problemas como o preço desvalorizado da arroba, concentração de abate em um único frigorífico, falta de opção para abater o gado e de infraestrutura, explica a Acrimat na nota.

O Imea faz três levantamentos de intenção de confinamento por ano, com base em entrevistas com 140 confinadores de gado, produtores e empresários. A próxima pesquisa será realizada no mês de outubro.