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03/03/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:20am
A crescente produção brasileira de mel, que saltou de 38 mil toneladas em 2009 para 50 mil toneladas em 2010, colocou o país na 11ª posição no ranking dos produtores mundiais.
Programas de incentivo à produção apícola e capacitação de agricultores envolvidos com a cadeia produtiva são os responsáveis pelo destaque do setor nos últimos anos.
Segundo o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Ricardo Camargo, uma das principais alternativas para o aumento da produção nacional de mel é a parceria entre a apicultura, a fruticultura e a silvicultura.
Alguns estados brasileiros, como Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Minas Gerais, têm projetos em andamento.
Em Minas Gerais, uma das boas experiências nessa área é a de uma associação de apicultores que trabalha com silvicultores.
Como resultado da parceria, em 2010, houve um aumento no faturamento da associação de produtores e na produção de mel.
A produtividade média das colmeias registrada na região foi de 55 a 60 quilos ao ano em 2009 e 2010, com valores acima da média nacional, que é de 25 quilos por colmeia ao ano.
“Graças à união com uma empresa multinacional produtora de celulose, cerca de 46 municípios mineiros estão sendo beneficiados com o sistema de integração apicultura-silvicultura”, explica Camargo. Atualmente, 58 produtores de mel utilizam áreas reflorestadas e nativas de floresta.
Essa participação corresponde a 100 mil hectares com 14,6 mil colmeias (todas orgânicas) instaladas em apiários georreferenciados, o que permite a identificação do mel produzido nessas áreas.
Ampliação de parcerias:
Camargo ressalta que a Confederação Brasileira de Apicultura (CBA) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) pretendem elaborar um plano de parcerias padronizado.
O objetivo é expandir a cadeia produtiva de florestas e promover a inclusão social dos apicultores envolvidos.
“Com a definição dos requisitos técnicos a serem
considerados e os modelos de convênios entre as duas cadeias, imagina-se que as empresas de reflorestamento terão maior interesse em abrir espaço para esse tipo de parceria”, destaca o pesquisador.
A Embrapa deve fazer a capacitação dos produtores e a pesquisa de novas formas de consórcio entre as espécies madeireiras comumente empregadas e outras espécies vegetais e culturas agrícolas.
A iniciativa pretende melhorar a produção e permitir a exploração apícola dessas áreas durante o período de desenvolvimento das espécies madeireiras.
“Estudos relacionados à identificação de espécies e de variedades mais produtivas e com maior precocidade e período de floração também podem ser potenciais fontes de pesquisas”, explica Camargo.
Além dos ganhos diretos na exploração dessas áreas para a produção de mel e de outros produtos apícolas, existem ganhos adicionais.
Nessa parceria específica, por exemplo, 5% da produção de cada apicultor são repassados à empresa produtora de celulose, que distribui o mel para entidades filantrópicas, hospitais, escolas e para os seus próprios empregados.