Leishmaniose
20/12/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:01am
Fortaleza Mais de 150 mil cães já foram imunizados com a vacina Leishmune em todo o País, desde seu lançamento em 2004. Pioneiro no mercado, o medicamento é um forte aliado no combate à Leishmaniose Visceral Canina (LVC), o calazar, doença que continua avançando no Brasil e América do Sul, com registros de casos em Estados e países onde não havia incidência, como Sul do Brasil, Paraguai e Argentina. "A doença constitui-se em sério problema de saúde pública e vem se intensificando nos centros urbanos, portanto, sua prevenção é fundamental", afirma a coordenadora técnica para animais de companhia da Pfizer Saúde Animal, veterinária Fabiana Grecco.
Da Clínica São Francisco, em Fortaleza, o veterinário Ricardo Henz, confirma a preocupação. Não é à toa o crescente interesse de profissionais por novos estudos sobre a LVC. O VIII Simpósio Internacional sobre a doença, realizado recentemente em Belo Horizonte (MG) é uma prova disso. Como um dos participantes, Henz está organizando no Ceará um núcleo do Brasileish, associação científica de médicos veterinários, que concentra os estudos sobre a doença no País, organizadora do simpósio.
Nova abordagem
A expansão do Brasileish reflete a mudança na abordagem de enfrentamento da LVC no País. O sacrifício de animais doentes não é mais a única possibilidade de controle da enfermidade. Dependendo do caso, aliás, dos muitos casos, os cães podem ser tratados, deixando de ser fonte de transmissão para seres humanos e outros animais. Segundo Ricardo Henz, estudos com credibilidade internacional, como do pesquisador Victor Márcio Ribeiro (MG), comprovam que o uso da vacina bloqueia a transmissão da LVC no ambiente, e tem eficácia no tratamento de animais doentes, apresentando excelentes resultados.
Ainda assim, há veterinários que não recomendam a vacinação, ainda restrita às clínicas particulares, com doses que variam de R$ 80,00 a R$ 90,00. Para Henz, a desconfiança do médico resulta da desinformação do profissional. Fabiana Grecco atesta que o produto é aprovado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
"A Leishmune possui estudos que comprovam sua eficiência e eficácia no combate à Leishmaniose visceral canina. A Pfizer se preocupa com a utilização adequada de seus produtos e investe em educação continuada, tanto dos veterinários quanto de sua força de vendas", afirma ela.
Durante o ano, a empresa realizou diversos eventos, objetivando levar conhecimento aos veterinários. Já foram promovidas 18 palestras sobre a prevenção da LVC em todo o País. Quanto ao uso da vacina no tratamento da doença, a Pfizer esclarece que o produto deve ser utilizado na imunização do animal. Recomenda a aplicação apenas nos cães sadios e soronegativos para a enfermidade. "Além de proteger o animal vacinado contra a LVC, a vacina age como bloqueadora da transmissão da doença. A Pfizer não indica a Leishmune para o tratamento de cães com LVC. Os profissionais que utilizam a vacina para esta finalidade baseiam-se em estudos científicos, publicados em revistas internacionais, e não em indicação prevista na bula ou recomendação da empresa", afirma Fabiana Grecco.
Mesmo assim, as pesquisas sobre a doença vem evoluindo em todo o mundo, apontando novos caminhos de enfrentamento do grave problema de saúde pública. Ricardo Henz aponta que, já se fala, inclusive, na cura parasitológica do cão afetado, a partir do desenvolvimento do Glucantime lipossomol. 50% da amostra estudada apresentou cura parasitológica e 100%, cura clínica – antes só se falava na cura clínica. Essa substância é altamente potente. Um décimo da dose é 200 vezes mais potente, sem causar mal ao restante do organismo do cão.
Nível de proteção
Sobre a ocorrência da LVC, mesmo em animais vacinados, a Pfizer esclarece que a Leishmune confere uma proteção de até 95%, ou seja, de cada 100 cães vacinados, até cinco podem não ficar protegidos e se infectarem. "Neste caso, alguns pontos importantes devem ser considerados: o cão pode ter sido vacinado já infectado, pode ter se contaminado durante o esquema vacinal, uma vez que a proteção ocorre 21 dias após a terceira dose ou pode não ter respondido adequadamente à vacinação", explica Fabiana Grecco.
O Núcleo do Brasileish no Ceará deverá concentrar o que há de mais inovador em pesquisar abordando a LVC no Brasil e no mundo. "O Núcleo será aberto a todos os interessados nos estudos e pesquisas sobre a doença. Será um espaço para troca de experiências", afirma Henz, convidando todos os veterinários à participação, inclusive aqueles contrários ao tratamento do animal infectado.
Proposta
Em janeiro, Ricardo Henz pretende apresentar a proposta de criação do Brasileish – Núcleo Ceará ao Conselho Regional de Medicina Veterinária e à Associação Nacional de Clínicas de Pequenos Animais – Seção Ceará (Anclivepa-CE). A ideia é mobilizar bom número de profissionais interessados em conhecer e discutir novos trabalhos.