Lavouras

22/08/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:06am

Plantações ordenadas em fileiras têm condições de servir de conexão a certos animais aos remanescentes de floresta da serra fluminense. A constatação surgiu a partir do estudo desenvolvido pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRJ), que avaliou a circulação de pequenos mamíferos em meio a cultivos de mandioca nos municípios de Guapimirim e Cachoeira de Macacu. Para comprovar a tese de que esta integração era possível, eles capturaram 24 gambás-de-orelhas-pretas e 37 cuícas cinza, marsupiais típicos da mata atlântica, e os soltaram em pontos desconhecidos pelos animais – pelo menos um quilômetro de distância, em pleno mandiocal, dos fragmentos de floresta. Cada um deles levava, preso às costas, um novelo de fio de náilon que se desenrolava à medida que o animal avançava para a mata, deixando a rota registrada.

A maior parte dos animais tentou “voltar para a casa” percorrendo os corredores formados pelas fileiras de mandioca em vez de cruzá-los em rotas perpendiculares. Segundo Jayme Prevedello e Marcus Vieira, coordenadores da pesquisa, os animais só saíam das linhas de plantio quando estavam muito próximos de um fragmento de floresta. O projeto incluiu, ainda, monitorar estes mamíferos dentro dos fragmentos de floresta, seus habitats. E a conclusão foi que eles saíam muito pouco de lá, a não ser quando descobrem árvores frutíferas carregadas próximas às plantações.

Agora os pesquisadores querem orientar os agricultores a formarem melhor seus plantios. Muitas vezes as fileiras terminam perto de riachos ou são interrompidas com uma cerca colocada de forma aleatória. Eles querem planejar as plantações para que elas possibilitem uma eficiente conexão entre os fragmentos da floresta. O gambá e a cuíca são os pequenos mamíferos mais comuns que podem ser beneficiados por esta alteração. Porém, os corredores formados pelas plantações de mandioca também podem facilitar o trânsito de outros animais, como roedores e lagartos