Indicadores

25/11/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:04am

Os indicadores ambientais que tratam da questão do saneamento ambiental ainda estão abaixo do adequado de acordo com órgãos reguladores no estado de São Paulo, segundo relatório divulgado nesta sexta-feira (25) pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Dos quatro indicadores referentes ao saneamento, um é considerado ruim, dois medianos e apenas um adequado. Os dados são referentes ao ano de 2010.

O relatório divulgou a variação nos índices de 21 indicadores ambientais – dois sobre qualidade do ar, cinco sobre qualidade da água, quatro sobre saneamento, um para contaminação do solo, quatro sobre biodiversidade, dois de mudanças climáticas, um sobre economia verde, um sobre a consecução de uma agenda ambiental descentralizada e um sobre fiscalização.

Segundo o secretário do Meio Ambiente, Bruno Covas, apesar dos índices ainda insuficientes em alguns indicadores, houve estabilidade ou melhora em todos eles. “A gente já fica muito feliz de verificar que não houve piora em nenhum dos 21 índices. Alguns casos nós já atingimos a meta de 2020, mas alguns vão requerer um esforço ainda maior para que possamos atingir todas as metas”, afirmou.

Os dados são apontados pelo secretário do Meio Ambiente como indicadores para o desenvolvimento de políticas públicas por parte do governo estadual e até mesmo das prefeituras. “Muitos dos indicadores trazem não só a necessidade de políticas estaduais, mas de políticas municipais e da própria sociedade. O índice da qualidade do ar reflete na necessidade de mudança da frota do ônibus, de melhoria no diesel que é vendido.”

Saneamento
Em relação ao saneamento, de acordo com o relatório da secretaria, o percentual de redução da carga orgânica (esgoto) no estado foi de 40,6% em 2010. O incide é maior que o registrado nos anos anteriores, mas ainda considerado mediano. Para 2011, a estimativa é que ele aumente para 41%. Já para 2020, limite de todas as metas estabelecidas pela secretaria, o objetivo é chegar a 50% de redução.

Quando separado por regiões do estado – as chamadas Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos – sete dos 21 possuem índice de redução da carga de esgoto ruim, com situações mais críticas na região da Mantiqueira e Baixada Santista, e apenas uma (São José dos Dourados) tem índice bom.

Outro indicador ainda com problemas é o que trata da coleta e do tratamento de esgoto nos municípios – que teve nota 5 em 2010, considerada mediana. Em cinco regiões do estado ele foi considerado ruim, e em duas – novamente Mantiqueira e Baixada Santista -, péssimo.

A disposição do lixo é o único indicador do tema considerado adequado no estado – ela trata sobre o índice de qualidade dos aterros. Já a gestão do lixo, que gere sobre a análise dos resíduos sólidos e a instituição de políticas públicas para eles, é considerada mediana no estado. Na separação por regiões, três são consideras insuficientes (Pardo, Ribeira de Iguape e Pontal do Paranapanema) e apenas uma eficiente (Paraíba do Sul).

Em relação aos indicadores referentes à qualidade da água, por exemplo, houve melhora em relação a 2009 em quase todos – menos no índice de balneabilidade das praias, que representa as que tiveram avaliação positiva 100% do ano – o índice caiu de 34% em 2009 para 30% em 2010. O índice que trata da qualidade da água para a vida aquática se manteve estável, mas ainda é considerado regular – segundo o estudo, ele está diretamente ligado à questão do saneamento.

Biodiversidade ameaçada
Segundo o relatório da secretaria, nove dos 21 indicadores tiveram melhora – os outros tiveram manutenção em seus índices entre 2009 e 2010. Em relação à situação absoluta deles apenas seis tiveram classificação boa (água superficial, abastecimento público, água subterrânea, disposição do lixo, energia renovável e dióxido de carbono), dois são considerados ruins (tratamento de esgoto e fauna silvestre) e os outros têm classificação regular.

Em relação à fauna silvestre, o relatório aponta que em uma década, entre 2000 e 2010, houve um aumento de 64% no número de espécies animais ameaçadas de extinção no estado – passou de 267 para 438. No mesmo período, o número de espécies conhecidas aumentou 21,2% – de 2.071 para 2.510. O índice de espécies ameaçadas (que relaciona o total de espécies conhecidas com o número que corre risco) passou de 12,9% para 17,5%.

Segundo a bióloga Claudia Terdimann Schaalmann, diretora do Centro de Fauna Silvestre da secretaria, o grande crescimento no número de animais ameaçados se deve, além da evolução real do indicador, da mudança na metodologia utilizada para o levantamento. Entretanto, a ameaça é real. “A gente pode ter vários motivos para isso. Uma é o crescimento urbano, que a gente não pode segurar, e a secretaria na questão de licenciamentos sempre foi muito rigorosa”, afirmou.

“Em compensação, a onça parda, que era um animal que estava na lista de ameaçados, em várias regiões metropolitanas aumentou o número da espécie. Ela se adaptou bem. Está havendo não só um aumento na fauna ameaçada, mas a gente está verificando que algumas espécies estão se tornando mais generalistas e estão aumentando a sua população e se adaptando de acordo com a nova paisagem.”

“Nós tivemos inclusive uma estadualização este ano da gestão da fauna silvestre para que aquilo que era de responsabilidade do Ibama passe a ser da secretaria, porque a gente tem muito mais capacidade de ajudar nesse tema”, disse o secretário Covas. ”Estamos preocupados com os centros de triagem, os centros de soltura, e com a melhoria da fiscalização para que a gente possa diminuir a quantidade de animais que são vendidos e traficados no estado de São Paulo.”