Fome
26/01/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:00am
O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), José Graziano, fez um apelo ontem para que o Brasil socorra os países africanos no combate à fome. Para ele, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) precisa "internacionalizar" sua tecnologia.
– Apelo para que o Brasil assuma a responsabilidade internacional que ganhou com tantas conquistas internas no últimos anos, que nos colocaram em uma vitrine – disse ele, que completou:
– Precisamos ter uma Embrapa internacional que seja efetivamente uma agência de cooperação técnica, apoiando os países que precisam.
Criador do programa Fome Zero do governo Lula, Graziano participou ontem de um evento do Fórum Social Temático (FST), em Porto Alegre, como sua primeira atividade pública no Brasil desde que assumiu o cargo em Roma, no início do mês. Sobre o Brasil, que conta com 15 milhões de miseráveis, Graziano avaliou que o país pode acabar com a fome até o final da década. Ele defendeu ainda que os responsáveis pelas políticas agrícolas dos países participem da Rio+20, em junho no Rio, comprometendo-se com a sustentabilidade.
– Não podemos ser só militantes ecológicos preocupados com o planeta. O impacto da área produtiva é muito grande. A agricultura contribui com 30% dos gases de efeito estufa e é preciso conscientizar os ministros da agricultura – disse ele.
De acordo com as Nações Unidas, até 2050 a produção alimentar terá de crescer 70% para contemplar nove bilhões de habitantes. Para o diretor da FAO, o desenvolvimento tecnológico focado na agricultura pode dar conta do problema, sem ampliar as áreas de plantio
:- Praticamente 90% do aumento necessário de produção são possíveis com as tecnologias hoje disponíveis. Se conseguirmos avançar para tecnologias mais limpas, será mais fácil.
O evento no Palácio Pratini marcou o lançamento, em Porto Alegre, não só do Fórum Social Temático como do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do estado, num modelo semelhante ao "Conselhão" criado por Lula para o Fome Zero e implementado pela presidente Dilma Rousseff.
Ex-secretário executivo do "Conselhão", o governador Tarso Genro aproveitou o evento para se defender das críticas que a instituição recebeu no governo Lula. Segundo ele, houve "estranhamento" de setores da sociedade.