Falta de local adequado prejudica o tratamento de animais silvestres
16/05/2014 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:55am
Publicado em G1 em 15/05/2014
A falta de um centro de recuperação de Animais silvestres em Pirassununga (SP) tem colocado em risco a vida de espécies feridas na cidade, segundo a Polícia Militar Ambiental.
O problema tem sido amenizado por um projeto voluntário idealizado pelo Veterinário Rodrigo Levy. Há 12 anos, ele e uma equipe de voluntários prestam atendimento em uma clínica e uma chácara particulares. Atualmente, os locais são o único destino para os animais lesionados, a maioria deles vítimas de atropelamento. A Secretaria de Meio Ambiente alega não haver normas sobre locais e tipos de tratamentos para a fauna silvestre.
Desde a criação do projeto, mais de 500 bichos receberam atendimento Veterinário. Boa parte deles chega às mãos dos veterinários em estado muito grave. E pelo menos metade não resiste aos ferimentos, o que evidencia a necessidade da criação de um local especializado, segundo Levy.
"Temos que ter um pronto-socorro animal, e depois disso, um lugar onde eles possam ficar internados e fazer o processo de convalescência, de recuperação da saúde, para depois voltarem à natureza. Ou, então, aqueles que não têm mais condições de voltar à natureza que sejam abrigados para o resto da vida", explicou o Veterinário.
Em todo o Estado de São Paulo, a PMA resgatou 7.723 mil Animais silvestres entre janeiro e abril deste ano. Destes, 73 deles são exóticos. O sargento José Amaro de França, da base da PMA em Pirassununga – que também responde por Leme, Santa Cruz da Conceição e Santa Cruz das Palmeiras – ressalta a importância da ação voluntária. "Na região, nós temos um hospital Veterinário em Leme, que também já nos ajudou varias vezes, mas o contato mais efetivo é o Veterinário Levy. Hoje, não temos outro local para levá-los", contou França.
Entre os animais atendidos e que estão sob cuidados do projeto, há um veado com queixo quebrado que ainda não se recuperou da lesão. Apelidado de Toninho , ele ainda não consegue ficar em pé.
Assim como Toninho, um filhote de quati também recebeu nome próprio: Sherazade. A fêmea foi ferida na cabeça, passou por cirurgias, e agora já faz três refeições diárias. "A gente tem muita fruta aqui na chácara. Hoje, eu ofereci melão, mamão e ovo caipira orgânico. Nós não damos nada que tem hormônio e oferecemos uma alimentação que seja a mais próxima do que ela teria na natureza", disse a voluntária Tânia Trevisan. Uma maritaca é outra hóspede. A ave torceu o pé ao se enroscar em um fio e a recuperação tem sido lenta.
Alegria
Mesmo com a falta de estrutura adequada, alguns animais conseguem sobreviver. O que se transforma em uma recompensa para a equipe de Levy. Nesta semana, houve a soltura de uma cobra às margens do rio Mogi-Guaçu. "O ferimento da jibóia já está cicatrizado e agora ela vai seguir a vida dela. A gente fica com dó porque cria uma afeição pelo animal", conclui o Veterinário.
Prefeitura
A Secretaria de Meio Ambiente informou que não existem normas sobre os locais e tratamento de animais atropelados. Entretanto, orienta que os bichos feridos devem ser encaminhados aos Centros de Triagem de Animais silvestres ou Centros de Reabilitação. Ainda de acordo com o poder público, animais domésticos podem ser acolhidos pelos Centros de Controle de Zoonoses.