EXPORTAÇÃO
25/01/2013 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:05am
A notícia sobre o surto da vaca louca no Estado do Paraná resultou no embargo à carne bovina brasileira por parte de doze países. Ainda assim, especialistas do setor, consultados pelo jornal O Estado acreditam que este fato não influenciará nas exportações de janeiro de 2013.
Para o economista, Lucas Rasi, os embargos até podem trazer efeitos negativos para o setor, mas o que resta saber é "quanto será esse efeito". "Quando se trata de comércio internacional, as respostas não são fáceis, pois além da discussão sobre o foco há uma série de interesses entre os países", explica. Segundo Rasi, Mato Grosso do Sul tem tido uma taxa de crescimento das exportações na última década, em torno de 11% (acima da taxa nacional de 8%). "O efeito para o Estado será residual", comenta.
A previsão do economista é que a exportação de carne bovina "in natura" em janeiro alcance 10 mil toneladas, 8,6% a mais que no mesmo período do ano passado, quando os embarques internacionais do produto acumularam 9,2 mil toneladas, segundo as informações da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
De acordo com Adriana Mascarenhas, economista e coordenadora da Unidade Técnica da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária do MS), o que é possível perceber é que no ano passado, os países que deixaram de comprar do Brasil não influenciaram no resultado das exportações. "Não fechamos o ano com prejuízo, claro que poderíamos ter tido um desempenho melhor, mas ainda assim os resultados foram superiores aos de 2011, por causa da forte demanda". Os números da Secex revelam que entre janeiro e dezembro de 2012, MS registrou embarques internacionais de 111,3 mil toneladas, resultando em US$ 514 milhões.
As exportações deste produto no Estado apresentaram um aumento de 52% em relação ao ano de 2011. "É claro que o embargo não é bom! Mas não nos embargaram os nossos principais compradores: Rússia, Irã, Chile e Venezuela. O mais complicado deste embargo é reconquistar estes mercados posteriormente", alerta Mascarenhas. Na opinião da economista, a tendência é que em 2013 MS registre o mesmo cenário positivo de 2012.
O Ministério da Agricultura informou nesta quarta-feira (23), que outros dois países suspenderam a compra de carne bovina do Brasil, Catar e Bielorrússia. Os outros países que suspenderam a importação do produto brasileiro: Japão, China, África do Sul, Arábia Saudita, Coréia do Sul, Taiwan, Peru, Líbano e Jordânia (somente do Paraná); e Chile (somente farinha de carne e de osso).
Vale ressaltar que esses países representaram menos de 5% das exportações de carne bovina em 2012. O Ministério informou que ações para esclarecer aos países que impuseram a suspensão do comércio brasileiro estão em curso e que a carne bovina nacional não apresenta riscos à saúde. Está agendado para os dias 26 e 27, uma visita técnica do Ministério ao Teerã e ao Irã, com o intuito de apresentar esclarecimentos.
A encefalopatia espongiforme bovina, vulgarmente conhecida como doença da vaca louca é uma doença neurodegenerativa, que afeta o gado doméstico bovino. Ao contrário da febre Aftosa, é transmissível ao homem.O aquecimento do mercado pecuário no Brasil se reflete no mercado de trabalho no setor.
Aqui no Mato Grosso do Sul, dados do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria e da Alimentação de Campo Grande mostram que a estimativa é de que em 2012 os funcionários do setor (frigoríficos e transportadoras) somaram 23 mil no MS, 35,2% a mais, que em 2011 (17 mil trabalhadores). Segundo Rinaldo Salomão, em 2013, o efetivo desta área deve somar 29 mil pessoas. (AB)