Espécies

08/08/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:06am

O peixe-leão (Pterois volitans), nativo dos oceanos Pacífico e Índico, tornou-se uma ameaça à biodiversidade marinha da costa da América do Sul. Atrativo pelas suas cores brilhantes e barbatanas diferenciadas, chegou ao outro lado do mundo e, com seu apetite voraz, engole as presas inteiras. Como se alimenta de vários peixes menores, causa desequilíbrio no ecossistema e pode, inclusive, gerar a extinção de outras espécies.

Este animal invasor, de cerca de 35 cm, tem um estômago que pode se expandir até 30 vezes o volume inicial. Além de comer muitos peixes, a espécie se reproduz facilmente e não tem predadores neste local.

Quando alguma espécie é inserida em um habitat diferente do seu, é chamada de exótica invasora, pois prejudica a biodiversidade local. O intenso fluxo de bens e pessoas, decorrente da globalização, é o grande responsável por esta transferência de espécies. Turistas e colecionadores que trazem “lembranças” de outros habitats quando viajam ou o deslocamento não intencional – quando uma espécie é transportada, por exemplo, porque entrou em um navio – podem trazer espécies invasoras, que podem causar grandes prejuízos para os ambientes naturais, além de danos à economia do espaço afetado.

De acordo com Sílvia Ziller, Diretora Executiva do Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental e Diretora para a América Latina do Programa Global de Espécies Invasoras (GISP), as espécies exóticas invasoras já representam a segunda causa de perda da biodiversidade do planeta – atrás apenas da destruição provocada pela ação humana. Só no Brasil, mais de 380 espécies invasoras foram identificadas e catalogadas pelo Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental.

A introdução do peixe-leão na costa sul-americana representa uma séria ameaça à fauna local de peixes e invertebrados de que se alimentam e um risco para a o equilíbrio dos ecossistemas marinhos na região. Há estudos que mostram que, quando pequeno, este peixe se alimenta de pequenos crustáceos e, à medida que cresce, passa a se alimentar de peixes.

Além disso, a substância tóxica que pode ser liberada pelo contato com os espinhos das barbatanas dos peixes-leão, torna a espécie um risco para a saúde pública, já que banhistas e pescadores desavisados podem ser atingidos.

Disseminação – Acredita-se que as primeiras espécies de peixe-leão tenham chegado à América do Sul em função da passagem do furacão Andrew, na Flórida, Estados Unidos. Entre 1999 e 2010 a espécie invadiu o mar do Caribe, o Golfo do México, o litoral da Costa Rica e do Panamá, a costa da Colômbia e, mais recentemente, a costa da Venezuela. Teme-se que a invasão prossiga e chegue à costa brasileira, inicialmente no Amapá.

O que fazer? – Ações de controle da espécie têm sido desenvolvidas ao longo dos diferentes países da região onde a presença do peixe-leão existe. Pensar sobre a erradicação total parece improvável, e alguns esforços nesse sentido podem ser extremamente caros e poucos práticos.

No Caribe e nas Bahamas a caça com arpões está sendo praticada como forma de reduzir a população. Embora tenha veneno, o peixe-leão não foge dos predadores – nem mesmo do homem -, o que permite aos mergulhadores chegar bem próximo com o arpão e matá-lo com facilidade. É preciso remover os peixes, mas sem contato direto. Informar as pessoas sobre o perigo em tocar os peixes também é importante.

Segundo Sílvia Ziller, deve haver divulgação dos perigos associados à invasão do peixe-leão. As toxinas do peixe podem causar ferimentos graves, por isso, não devem ser pegos com as mãos. “É preciso que os pescadores do Amapá e do Pará, ao menos, estejam conscientizados sobre isso para evitarmos acidentes caso a espécie chegue ao Brasil”, completa.

Não há medida preventiva que evite a chegada da espécie, mas esclarecer as populações sobre a necessidade da remoção da espécie é fundamental. Vale lembrar que a carne do peixe-leão pode ser consumida após a caça.