EMBARGO
10/01/2013 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:05am
"Embargo à carne brasileira é comercial e não sanitário". Afirmação é do superintendente da Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, e traduz a reação do setor produtivo frente à suspensão decretada por 10 países à carne bovina brasileira.
Mato Grosso foi afetado diretamente pela proibição de comercialização com a Arábia Saudita, Peru e China que importaram US$ 53,153 milhões em produtos no ano passado. Esse mercado havia registrado crescimento de 119,9% em relação ao valor negociado em 2011, quando somou US$ 24,166 milhões.
Para se ter uma ideia, somente a expansão na exportação para a China foi de 844,6%, saltando de US$ 1,568 milhões para US$ 14,817 milhões na mesma base de comparação.
Ainda assim, conforme Vacari, na análise dos números percebe-se que o volume que esses países compraram não interfere no resultado do estadual.
No entanto, um "vendedor não pode se dar ao luxo de perder cliente e nem aceitar que eles ajam arbitrariamente, comprometendo a imagem do controle sanitário brasileiro". Dessa forma, para os produtores os embargos são "oportunistas", uma forma de fazer pressão para comprar mais barato, já que não há justificativa técnica.
Informação confirmada pela Organização Mundial de saúde animal (OIE), que se pronunciou sobre os embargos às importações de carne bovina do Brasil, solicitando aos países que "suspendam as restrições assim que possível porque a medida é injustificada".
Segundo o diretor geral da organização, Bernard Vallat, os países têm o direito de adotar embargos provisórios como resposta de emergência a surtos de doenças que dependem de mais informações.
As decisões de embargo totais ou parciais foram tomada após suspeita de contaminação com a doença vaca louca no Paraná.
"O que a gente espera agora é que o Ministério aja com rapidez para reverter os embargos e, se preciso, procure seus direitos com a OMC", afirma Vacari, lembrando que, por enquanto, o governo federal ainda estava considerando recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC).
No início da semana, o ministro de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho, chegou a afirmar que o fim da suspensão das importações é "só questão de tempo". "Tenho esse assunto como resolvido. O Brasil vai cumprir todo o mandamento que precisa e vai defender o que lhe pertence".
Para o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Jandir Milan, o governo brasileiro errou em divulgar um caso de 2010, que não era comprovado de vaca louca. "O embargo não tem lógica, uma falta de informação. Tanto é que os países que compram mais, como a Rússia, não embargaram".
Além disso, segundo Milan, Mato Grosso não está "tranquilo" porque esses países devem "migrar" para a compra de frango.
Varejo – Milan destaca que, assim como a perda não será significativa para a indústria, o "ganho" também não ocorrerá para o consumidor, já que não haverá sobra de carne no mercado interno para reduzir o preço nas gôndolas.
O frigorífico nunca baixa, diz Jair Henrique de Souza, gerente de uma casa de carnes. "Fica tudo na mesma coisa. Só na época da seca que é certeza de variação, sabemos que vai subir".