DIETA

17/12/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:05am

Aos dois anos de idade, a buldogue francesa Tallulah já vive momentos de glória. No fim de 2011, conquistou o título de Jovem Campeã Brasileira da raça, em concurso da Confederação Brasileira de Cinofilia (amor aos cães).
E, como toda vencedora, mantém uma dieta especial -ela não come ração, apenas carnes, ossos, vegetais e outros alimentos não industrializados.

Pets naturebas

Tallulah recebe a alimentação natural, um conceito de dietas para pets conhecido no exterior e que vem ganhando adeptos no Brasil. "Não entendia como um alimento sem variedade em forma de "bolinhas" poderia suprir as necessidades dos meus cães", afirma a criadora Vivianne Mello, proprietária do canil Vix Bull, onde vive Tallulah.

Há vários tipos de alimentação natural. As baseadas em carne incluem ossos carnudos, vísceras, frango e peixe.
As onívoras adicionam ovos e vegetais crus, mas, dependendo do animal e da intenção do proprietário, ela pode ser 100% cozida, livre de ossos e até mesmo vegetariana.

FALTA DE INFORMAÇÃO

Anos atrás, a prática já foi considerada inapropriada. "Quando fui apresentada a esse tipo de dieta, em 2007, nenhum dos veterinários com quem tentei conversar aceitava o conceito", diz a veterinária Sylvia Angélico, que mantém o site Cachorro Verde (www.cachorroverde.com.br).

"Precisei importar livros, me informar em sites em inglês. Abri meus horizontes para um universo de possibilidades saudáveis", completa.
Se elaborada com acompanhamento especializado, a alimentação natural oferece alta qualidade nutricional para os pets. Mas é preciso organização e disciplina.

Quem é adepto garante que vale a pena. "Parece exagero, mas a disposição dos cães é outra. Eles ficam menos doentes, apresentam menor queda de pelos e não há acúmulo de tártaro", afirma a criadora Kathleen Schwab, do canil Phanomen.

Apoiada por resultados clínicos, Viviane concorda. "Os exames de sangue mostram um aumento da imunidade", conta ela. Sylvia também aponta benefícios percebidos em seus pacientes. "As mucosas ficam mais úmidas, há perda de massa gorda e aumento de musculatura, a resistência do organismo a parasitas e doenças aumenta e nota-se a melhora de quadros crônicos de vômitos, diarreia, otites e alergias."

Para a veterinária Tatiana Pelucio, assessora técnica do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo, não há contraindicações, "desde que a dieta seja estabelecida e acompanhada por um profissional, inclusive com relação ao preparo e ao manejo dos produtos, principalmente os crus".

A transição para a alimentação natural, no entanto, não deve ser feita sem orientação profissional. "É indispensável que a alimentação seja devidamente balanceada, adequada por tipo de espécie, raça, porte, idade e hábitos de vida", diz Tatiana.

Cada animal deve ser avaliado individualmente e a elaboração do cardápio deve levar em conta desde tamanho e peso até a idade.
Além disso, há características específicas de cada espécie: felinos, por exemplo, necessitam de mais proteína e de taurina, um aminoácido essencial para o bom funcionamento do coração e dos olhos dos bichanos.

"Uma alimentação balanceada contém proteína animal, gorduras saudáveis, vitaminas, minerais e fibras. Quanto maior a variedade de ingredientes na dieta, mais nutritiva ela será", afirma Sylvia.

ANTES DA REFEIÇÃO

Para evitar problemas, algumas medidas são necessárias. Antes de oferecidos aos animais, os alimentos precisam ser congelados.
Ossos devem ser oferecidos crus, já que o calor altera sua composição, tornando-os mais rígidos, podendo provocar engasgos e perfurações gastrointestinais. E os pets devem ser supervisionados enquanto comem.

O proprietário também precisa saber que a alimentação natural não é tão prática e demanda disciplina. "É menos conveniente do que pegar a ração e colocar no potinho do cão", admite Vivianne.

"É preciso pesquisar, comprar os ingredientes, organizar e armazenar as refeições", completa Kathleen. "Compramos um freezer e uma geladeira especialmente para os cães, e temos de nos lembrar de descongelar o alimento a tempo da próxima refeição", afirma ela.

Para a criadora, a prática também vale a pena em termos financeiros. "Considerando que usávamos as melhores marcas de ração, vale a pena, sim. Mas vale mesmo pelo bem-estar e pela saúde dos cães", completa.