Debate
02/08/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:06am
Melhorar a situação sanitária a ponto de transformar o Rio Grande do Sul em zona livre de febre aftosa sem vacinação é uma das grandes metas do setor primário, que pretende também erradicar a tuberculose e a brucelose. A direção foi apontada ontem pelo secretário de Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi.
Ele participou, ao lado de representantes do Ministério da Agricultura e do presidente da Fiergs, Heitor Müller, de um encontro em que os presidentes das associações nacionais de produtores de carne bovina, suína e avícola detalharam as carências do setor primário e indicaram alternativas para o fortalecimento da produção de carne no Estado.
As propostas feitas pelos produtores devem intensificar a atividade agroindustrial no Estado o que, na avaliação de Müller, ajudará a reduzir as desigualdades regionais. “A importância da agroindústria é absoluta. Uma das minhas bandeiras na presidência da Fiergs será a industrialização da matéria-prima gerada no campo. É uma vocação do Estado”, disse ele.
Um trabalho que, segundo o secretário da Agricultura, complementa o que vem sendo desenvolvido pelo governo, que reativou câmaras temáticas setoriais. “A câmara das carnes deverá definir, neste ano, uma agenda estratégica para cada cadeia produtiva, para que possamos elevar a situação sanitária, aumentar a qualidade do nosso produto e ganhar volume de produção. Isso nos dará competitividade para disputar mercado”, afirmou o secretário.
De acordo com Mainardi, o Estado busca maneiras de melhorar as defesas sanitárias e estender a adoção dos sistemas de rastreabilidade para possibilitar a suspensão da vacina contra a aftosa. Isso permitirá, segundo ele, que o Rio Grande do Sul seja o primeiro estado brasileiro a erradicar a tuberculose e a brucelose nos rebanhos. O secretário detalhou, ainda, que está em negociação um convênio com o Ministério da Agricultura para reequipar a estrutura de defesa agropecuária. O acordo irá destinar recursos tanto para a compra de móveis, equipamentos e veículos, quanto para a capacitação de fiscais.
No encontro, os representantes das cadeias produtivas debateram os motivos da sobra de arroz no Estado e da falta de milho, que precisa ser importado do Centro-Oeste. Para o presidente da União Brasileira da Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, o Rio Grande do Sul não precisa reduzir a lavoura orizícola, mas deve dar mais atenção à produção de milho, que é insumo básico para a produção de frangos e suínos. “Temos vocação para a agroindústria, mas estamos perdendo espaço”, afirmou. O líder da avicultura nacional apontou a necessidade de criação, por parte dos governos federal e estadual, de programas específicos para a modernização das granjas. Segundo ele, o Estado, assim como Santa Catarina, possui estruturas antigas e os problemas de manejo de energia e de água são avaliados negativamente pelas missões internacionais de importadores.
Turra indicou, ainda, a necessidade de melhorar a capacitação dos fiscais e dos laboratórios responsáveis pelas inspeções sanitárias no Rio Grande do Sul. Esta deficiência, disse ele, foi um dos fatores considerados na inclusão de frigoríficos gaúchos no embargo russo.
Jornal do Comércio