Comissão obriga abatedouro a remunerar produtor pelo couro
23/05/2014 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:55am
Publicado em Jornal da Câmara – DF, em 23/05/2014
A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural aprovou, na quarta-feira, proposta que obriga frigoríficos e abatedouros a remunerar os produtores de bovinos pelo couro dos animais. Conforme a proposta, o valor do couro deverá ser discriminado na nota fiscal, e o comprador não poderá alegar desinteresse pela aquisição do produto.
O texto aprovado é o substitutivo do relator, deputado Giacobo (PR-PR), ao Projeto de Lei 5979/13, da deputada Sandra Rosado (PSB- -RN). Ele prevê a criação do Sistema de Certificação do Couro Bovino e Bubalino.
Pelo texto, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento deverá criar sistema informatizado para recebimento de informações referentes à origem e às etapas de processamento do couro, sua transformação industrial e comercialização.
A remuneração paga ao vendedor corresponderá ao valor comercial do couro in natura acrescido de bonificação pela qualidade do couro. Os critérios serão definidos em regulamento.
Recorde histórico – Giacobo citou dados sobre a produção agropecuá- ria, publicados em 19 de setembro de 2013 pelo IBGE, segundo os quais o abate de bovinos no Brasil atingiu recorde histórico no 2º trimestre de 2013 – 8,5 milhões de cabeças. Segundo o estudo citado, esse número representa aumento de 11,7% em relação ao mesmo período de 2012.
O relator ressaltou que o levantamento do IBGE mostra que a comercialização de couro foi de 9,7 milhões de unidades no 2º trimestre de 2013, o que significaria crescimento de 8,5% sobre o volume negociado no 2º trimestre de 2012. "Do total do couro adquirido, 63,1% vinham de matadouros frigoríficos", acrescentou.
Giacobo disse ainda que pecuaristas de todas as regiões reclamam que os frigoríficos desconsideram, no pagamento, vários subprodutos do animal abatido, entre eles o couro.
Com isso, de acordo com o deputado, o pecuarista recebe pelo couro de 7% a 8% do valor da arroba do boi gordo, em média. "Isso representa menos de 50% do valor pago aos produtores americanos e europeus", diz.
Tramitação – Em caráter conclusivo, o projeto ainda será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.