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16/04/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:50am
Charles Regal trabalha em mediação há mais de 30 anos; são centenas de casos sobre o futuro dos pets
Charles Regal é um mediador especializado em disputas sobre a custódia dos animais de estimação. Conheci-o ao folhear uma edição da revista norte-americana "Dog Fancy" e fiquei pensando sobre o problema que evitei. Minha ex-mulher cultiva, eu diria eufemisticamente, uma distância prudente de cães. Assim, quando do nosso divórcio, não houve a menor necessidade de recorrer a um "Regal brasileiro".
O especialista ianque trabalha em mediação há mais de trinta anos. Já descascou centenas de casos em que ex-cônjuges tinham, além de todos os problemas com filhos, emoções e finanças, uma decisão a tomar sobre o futuro do pet familiar.
E Regal coloca um ponto importante para aceitar a árdua tarefa de facilitar um acordo em meio a um momento tão explosivo
O entrevistado pela "Dog Fancy" coloca como pré-condição que as partes em litígio concordem, de saída, com a hipótese da guarda compartilhada do animal. "As pessoas têm de, ao menos, estarem abertas a compartilhar seus animais".
Regal define seu perfil como o de um "facilitador de comunicação" e um personagem "totalmente imparcial", voltado a costurar saídas satisfatórias aos dois lados.
"Um dos aspectos mais importantes sobre a mediação é que as ideias e soluções venham das próprias pessoas", sustenta ele.
Mecanismos jurídicos recebem uma patada do mediador, quando ele dispara que juízes tratariam animais como "uma propriedade"
Ele argumenta que levar a disputa ao fórum tende a alimentar cenários maniqueístas. "Eu nem coloco essa pergunta, porque, para mim, significa preparar disputa, polarização e tensão."
Alguns conselhos de Regal parecem saídos de manuais de terapia. "Minha questão (ao casal) é: o que ambos podem fazer para ajudar o animal durante a transição?", indaga o mediador.
Pobres pets. A intensa convivência com outra espécie traz problemas para os quais a natureza certamente não os preparou.
Não sei por que escolhi essa raça, mas imagino um melancólico bulldog sentado no divã, conversando com um terapeuta sobre a separação de seus donos.
Se já ouvi o argumento que filhos, capítulo incomparável de nossas vidas, não seguram um casamento falido, o que dizer dos animais de estimação? A meteórica proliferação do divórcio nos dias de hoje coloca portanto mais uma questão. Qual o impacto da montanha-russa dos matrimônios atuais, dos enlaces passageiros, do "ficar" de poucos dias ou semanas, na cabeça dos parceiros de quatro patas?
Na condição de mero amante deles, tenho dificuldades para arquitetar uma resposta. Espero que especialistas em comportamento animal já tenham contado com tempo e condições suficientes para estudar o caso. Pets também devem ser poupados ao máximo de nossos eventuais equívocos e incapacidades.