Carne
14/09/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:06am
As carnes suína e de aves sobem, na maioria das vezes, nas semanas que antecedem as festas de fim de ano. Neste ano, o quadro mudou. Desde agosto, foram registrados dois aumentos nos preços e a estimativa é de que os valores variem ainda mais nos próximos meses.
O chester ficou 13% mais caro. A carne suína subiu mais de quatro vezes a inflação geral. Os indicadores da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) mostram que o motivo foi o aumento no preço do milho, que é usado na ração dos animais. Ele varia em R$ 25 a saca, e há duas semanas se mantém em R$ 30.
A associação prevê novas elevações, porque os estoques do grão estão terminando e o preço no mercado internacional está alto com quebras de safra em outros países, o que estimula a exportação.
Conforme Gilberto Moacir da Silva, da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), as mudanças nos valores não refletiram no bolso do produtor, que teve redução nos valores.
Ele salienta a dificuldade da divisão de ganhos do setor. “Os mercados aumentam, mas o retorno de valores para o produtor diminui. Isto é incoerente.” Segundo ele, se o produtor tem queda nos valores, os preços nas prateleiras deveriam reduzir para ter aumento nas vendas e reduzir os estoques.
O suinocultor Ilanio Johner relata que recebe R$ 2,1 por quilo do porco vivo. Mas, cita que deveriam receber R$ 2,7 para equilibrar com as despesas.
Johner adianta que a partir de outubro terá aumento para os produtores, em que o preço chegará a R$ 3,2 por quilo. Isso refletirá de novo nos mercados.
Em cinco anos a carne de frango teve um aumento de mais de 72,3%. A de porco, apesar de ter o preço elevado, a proporção foi bem menor, ela sofreu aumento de 18,50%.
A forte valorização do frango em agosto ocorreu porque houve uma redução na produção, devido ao custo alto de trabalhar com o setor e a queda nas exportações do produto.
Em julho, o Brasil produziu 1.094.724 de toneladas de carne de frango, com exportações de 310.874 toneladas, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Pinto de Corte (Apinco). Em junho, a produção havia sido de 1.089.220 toneladas e a exportação, de 331.321 toneladas.
Em 12 meses, o indicador Cepea/Esalq para o milho se valorizou 39,45%, conforme o Valor Data. Enquanto o custo de produção de um quilo de frango está em torno de R$ 1,8, o produto é negociado a R$ 1,5.
Carne bovina
De acordo com a pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), entre agosto de 2006 e julho de 2011, a carne bovina foi a que mais sofreu aumento. O preço subiu 84,35% em cinco anos – quase três vezes mais que a inflação do período, de 29,7%.
As condições meteorológicas foram um dos motivos, visto que prejudicam a safra de milho, usado como ração animal, e colaboram para o aumento no preço final das carnes bovina, suína e de frango.
Hortaliças e legumes
Conforme pesquisa da Agas, os preços das hortaliças e legumes subiram 12% e foram os vilões da inflação nos últimos 30 dias em Porto Alegre. O motivo é o excesso de chuva e, no caso do tomate, problemas na safra do sudeste do País.