Bois
06/09/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:06am
O confinamento de bois no Brasil deve se estabilizar no curto prazo e crescer bastante em um horizonte mais longo. Foi o que disse o professor Dante Pazzanese Lanna, da Universidade de São Paulo (USP), numa das mais concorridas palestras do Fórum Internacional de Estudos Estratégicos para Desenvolvimento Agropecuário e Respeito ao Clima (Feed 2011), que começou nesta segunda-feira (5/9), em São Paulo.
O Brasil produz perto de 2 millhões de cabeças acabadas em sistema fechado (confinado) ao ano. No total, abate mais de 40 milhões de cabeças. “Mas a qualidade desta carne á alta, o gado é mais pesado e é um nicho que gira cerca de US$ 3 bilhões ao ano.” Segundo Pazzanese, os Estados Unidos confinam mais de 95% do gado abatido, enquanto a Argentina, que outrora alimentava a boiada com o capim excelente que brota por lá, hoje está confinando cerca de 60% das reses que vão para o gancho dos frigoríficos.
Pazzanese entende que tanto os EUA como a Argentina não vão ter mais espaço para incrementar a oferta de carne diante do consumo que irá crescer substantivamente nos próximos anos, impulsionado pela melhoria de renda nos países emergentes. ”À medida que, no Brasil, o cerco sobre o desmatamento se fechar cada vez mais, e isso é irreversível, o sistema de confinamento irá crescer.” Mas ainda há muita área degradada para o boi de capim brasileiro ser produzido.
Num cenário de incremento do consumo e consequente aumento no preço da carne, Pazzanese acredita que “os pobres vão perder”. “Os ricos vão querer comer mais. Além disso, tem a questão dos biocombustíveis, os quais usarão cada vez mais grãos, como o milho, que alimentam os animais.”
O que ficou evidente nos debates do fórum é que a questão ambiental está unindo frigoríficos, pecuaristas e estudiosos. “As exigências e a vigilância crescem e não dá mais para encarar a questão solitariamente”, afirma Mauricio Nogueira, analista do mercado agropecuário.