Bichinhos
29/07/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:09am
Além dos populares cachorros e gatos, os brasilienses têm comprado cada vez mais animais de pequeno porte, como hamsters, canários e peixes. Segundo especialistas e veterinários, além de ser mais fácil cuidar desses bichinhos, o custo com alimentação, vitaminas e acomodação, em alguns casos, chega a ser três vezes menor do que o exigido na criação de um animal convencional. A calopsita, ave de origem australiana, por exemplo, tem grande procura na capital. Em uma clínica da Asa Norte especializada em animais silvestres, as calopsitas representam 50% da clientela. O médico veterinário Elber Luiz Moraes afirma atender, pelo menos, uma calopsita por dia. Há também aqueles que procuram animais diferenciados, como répteis. Segundo Morais, eles também têm espaço no DF. Iguanas, lagartos e cobras, informa o veterinário, são cada vez mais frequentes nos ambientes domésticos em Brasília.
O casal de namorados Guilherme de Araújo Zuza, 26 anos, e Simone de Abreu Schmidt, 23, criava duas calopsitas-machos até abril. Pelo menos pensavam assim, até encontrarem, em junho, cinco ovinhos na gaiola de um deles. “Compramos separadamente cada um. Um deles, dei de presente para a Simone no Dia dos Namorados do ano passado, pois ela nunca pôde ter animal de estimação, por morar em apartamento. Venderam-nos os dois dizendo que eram dois machos. Por eles não terem dismorfismo sexual, ficou difícil certificar”, conta Guilherme. “Claro que, ao longo do tempo, fomos percebemos que um deles não cantava tanto, como é comum ao macho. Além disso, vimos que, ao colocá-los juntos, eles se afeiçoaram um ao outro e ficaram tristes quando os separamos. Mas a suspeita de que um deles era fêmea só veio a se confirmar com os ovos”, acrescenta Simone. Atualmente, além de Tom e Kika, o casal cria três filhotes.
Alternativas
Bichinhos como os de Guilherme e Simone costumam ser chamados por alguns veterinários e especialistas de “cachorros de asas”, uma vez que têm trejeitos parecidos com os dos melhores amigos do homem. “As pessoas pensam em passarinho e logo os imaginam voando para longe. Mas estes daqui (calopsitas) sentem ciúmes, ficam brigando por atenção, pedem carinho e até espirram. São bem parecidos com outro animal criado em casa”, conta Guilherme, referindo-se a cães e gatos. “As dificuldades são mínimas. Quando mudam de plumagem, podem gerar alguma sujeira, mas nada de mais. Comida, consomem pouco. Agora, eu não pinto mais minhas unhas de escuro, porque chama muito a atenção e eles sempre ficam querendo bicar”, diz Simone.
Fernanda Filgueira, veterinária e mestra em saúde animal pela Universidade de Brasília (UnB), esclarece que, embora a preferência em Brasília ainda seja por cachorros e gatos, animais de menor porte ganham cada vez mais o gosto popular. “Brasília é uma cidade frenética, onde as pessoas trabalham, estudam e não têm muito tempo para dar atenção aos animais domésticos. Por isso, acabam optando por animais mais fáceis de cuidar.” Ela acrescenta que, geralmente, sai mais barato cuidar de animais menores. “Morar em apartamento também contribui para essa escolha, por conta da falta de espaço. No caso dos pássaros, você os alimenta pela manhã e vai fazer suas coisas. Não são como cachorros, que precisam de toda aquela interação, das brincadeiras”, completa Fernanda, também especialista em clínica de pequenos animais.
O funcionário público Diogo Lima da Mata, 39 anos, cedeu à pressão dos filhos de 10 e 12, que queriam um animal de estimação, mas eles optaram por bichinhos não tão convencionais. A iguana e a calopsita foram as escolhidas, entre muitos outros animais populares, para alívio dos pais. “Meus filhos adoram os bichos. Além do mais, dá muito menos trabalho. O mais engraçado é que a iguana e a calopsita são amigas. Você pode deixá-las em casa sem preocupação. É bem mais vantajoso que um cachorro ou um gato”, avalia Diogo. “Os custos não passam de
R$ 50 por mês. Agora, estamos estudando a possibilidade de arrumar um companheiro para a calopsita, que é fêmea”.