Bezerros recém-nascidos demandam grande atenção
30/01/2014 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:00am
A cria é uma etapa crucial na pecuária de corte. Afinal, as vacas devem parir um bezerro por ano e o mesmo deve crescer e ganhar o máximo de peso até o desmame. Em grande parte, o sucesso desse processo determina o resultado positivo ou negativo de uma propriedade. O manejo correto do bezerro ganha ainda mais importância quando se avalia que as taxas de mortalidade na primeira fase da vida dos bovinos giram em torno de 6% a 12%.
Segundo Roulber Silva, coordenador de Serviços Técnicos de Ruminantes da Merial saúde animal, os pecuaristas devem dar muita atenção ao bem-estar dos bezerros e das vacas. Na verdade, essa preocupação começa antes do nascimento, com áreas específicas para as vacas e novilhas parirem.
"O ideal é que a fazenda tenha pastos onde as vacas e novilhas irão parir (piquetes maternidade). Também é importante que as áreas das novilhas sejam separadas das áreas das vacas para evitar o abandono das crias, que ocorre especialmente no caso das primíparas", ressalta Médico Veterinário. Além disso, a observação destas áreas no período das parições deverá ser diária. Por isso, elas devem ser de fácil acesso. É preciso também cuidar do excesso de lama e fezes, pois tais condições favorecem a infecção do umbigo, a contaminação dos tetos das vacas e as infecções uterinas pós-parto.
O coordenador de Serviços Técnicos de Ruminantes da Merial afirma que é preciso assegurar a mamada do colostro (colostragem). Para que os bezerros recém-nascidos recebam proteção contra as principais doenças do meio onde vivem nos primeiros dias de vida, é fundamental a mamada do colostro em até duas horas após o nascimento. As vacas recém-paridas e suas crias devem ser observadas, prestando atenção aos tetos e úbere das vacas e ao vazio dos bezerros. Vacas com tetos murchos e úbere vazio demonstram ter sido mamadas. Bezerros com vazios fundos demonstram que não mamaram adequadamente o colostro. Nesse caso, a vaca deverá ser levada ao curral, onde será devidamente contida para, então, colocar o bezerro para mamar.
Umbigo – Ele também alerta para a desinfecção e cura do umbigo, que deve ser realizada no dia do nascimento do bezerro. Essa prática evita que o umbigo seja porta de entrada de agentes que podem causar diversos tipos de infecções nos bezerros, além de prevenir a instalação de bicheira (miíase).
Geralmente emprega-se solução de iodo a 10% ou mesmo produtos que possuam ação antimicrobiana e contra bicheiras. O corte do coto umbilical só deverá ser realizado caso o mesmo seja muito comprido, sendo que o comprimento para o corte é de cerca de 4 cm (dois dedos) a partir da pele que inicia o coto umbilical. No caso de uso de solução iodada, o coto umbilical deverá ser mergulhado, usando-se frasco plástico ou de vidro com boca larga.
Outro método eficiente para este manejo é a aplicação no umbigo de produtos mata-bicheiras à base de fipronil que também tenham ação antimicrobiana e cicatrizante, pois o umbigo mal curado é altamente atrativo para moscas varejeiras (mosca da bicheira). Assim, a realização da cura do umbigo apenas uma vez – como é freqüentemente feito nas fazendas de cria do gado de corte – pode não promover boa proteção contra a instalação de bicheiras no umbigo dos animais.