Belo Monte

26/08/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:06am

A obra da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, já atrai trabalhadores de todas as regiões do país. Apesar da migração para a região em busca de trabalho, a empresa que constrói a usina diz que a prioridade é utilizar a mão de obra da região.

Nesta quinta (25), o Jornal Nacional exibiu a segunda reportagem de uma série especial sobre Belo Monte (veja vídeo ao lado).

Entre os trabalhadores que vieram de fora estão José Francisco e o filho Gerson Sales. Eles são de Minas Gerais e o jovem trabalha na equipe comandada pelo pai.

“Sou rigoroso até para ele aprender com mais facilidade e para o pessoal não ficar falando também que deu moleza porque é o filho”, brinca o pai.

Mas a empresa Norte Energia, que constrói Belo Monte, quer dar prioridade à mão-de -bra da região e, assim, evitar uma migração em massa.

“A prioridade é para o pessoal da região. Estamos qualificando carpinteiros, pedreiros, armadores, operadores de máquinas”, conta Marco Túlio Pinto, diretor de construção do Consórcio Construtor Belo Monte, contratado pela Norte Energia para executar a obra.
O motorista José de Souza aprende a operar uma escavadeira usando um simulador. Aos 42 anos, vai ter a carteira assinada pela primeira vez.

A hidrelétrica está sendo construída entre os municípios de Altamira e Vitória do Xingu. Só deve operar a plena carga em 2019.

Infraestrutura
A principal dificuldade, diz a Norte Energia, é a infraestrutura. “É uma operação de guerra”, afirma o diretor de construção, Luiz Fernando Rufato.

Antes da usina, é preciso construir três alojamentos onde, nos próximos anos, vão morar 20 mil trabalhadores. Também é necessário conseguir transportar equipamentos e máquinas pesadas pela Transamazônica. O principal acesso à região mais parece uma pista de rally.

“Se você não tiver essa estrada pronta aqui no período da seca, você não consegue trafegar nela na chuva. Você então, não tendo acesso, tem problema de abastecimento de tudo: combustível, comida, máquina”, afirma Rufato.

Para Belo Monte, serão construídos 260 quilômetros de estradas. A primeira parte do trabalho é desmatar com foices e facões para depois entrarem as máquinas. As estradas vão permitir a passagem de caminhões e equipamentos para os canteiros de obras.

No comando dos operários, Cícero Lucena se sente em casa. Veio do Ceará para o Pará há 40 anos para abrir a rodovia Transamazônica. “Eu não tenho medo de nada. Por isso que eu vim.”

Condicionantes
Por conta do desmatamento, biólogos monitoram o local. Os bichos que vivem na região têm que ser preservados por exigência do Ibama.

Os que não conseguem fugir são resgatados e soltos em lugar seguro. Em dois meses e meio, já foram salvos 1,2 mil animais na região.

Além da preservação da fauna, arqueólogos procuram vestígios das populações indígenas que viveram na região há mais de mil anos. O trabalho também é uma exigência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

“Sempre viveu muita gente aqui na Amazônia e de maneira sustentável. Alguma lição elas devem ter para nos ensinar”, diz o arqueólogo Rodrigo Lavina.