Aves
21/10/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:04am
Caso a previsão de aumento do nível do mar em decorrência da mudança climática se confirmar, conforme o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), a população de aves que vivem nas regiões úmidas da costa do Brasil, principalmente as áreas de estuário, pode ser afetada, ocasionando, inclusive, a extinção de espécies.
Um estudo realizado por pesquisadores do Paraná vai tentar identificar qual será o impacto desta transformação global no cotidiano de pássaros como o bate-bico (Phleocryptes melanopis) e a saracura (Pardirallus nigricans), que vivem em vegetações herbáceas de regiões estuarinas, ambiente de transição da água doce para a água salgada.
A análise será feita na Área de Proteção Ambiental de Guaratuba, no município de mesmo nome, e no entorno da Lagoa do Parado. Segundo Bianca Reinec, doutora em Biologia e integrante do projeto “Vulnerabilidade de aves estuarinas à mudança climática”, que recebeu financiamento da Fundação Boticário, essas e outras aves que vivem nesses locais úmidos costumam fazer ninhos na vegetação.
“Um pequeno aumento que seja do nível da água pode afetar a reprodução desses animais. Outro exemplo também previsto para a mudança do clima é o aumento da incidência de vendavais e tempestades que deverão atingir esses ambientes, destruindo ninhos e ovos”, disse a pesquisadora.
Evitar a extinção de espécies
Bianca afirma que o bicudinho-do-brejo (Stymphalornis acutirostris), ave endêmica do litoral do Paraná e de Santa Catarina, já foi afetado pelas alterações das marés, segundo especialistas. “A espécie foi descrita em 1995 e desde então houve diversas modificações no seu habitat devido às transformações do ambiente”, explica a bióloga.
Um dos principais objetivos do estudo, que vai começar neste fim de semana, será um censo para identificar quantas espécies de pássaros vivem nestes locais, além de conhecer também quais e quantas são as aves migratórias que dependem deste ambiente para alimentação e reprodução.
“A partir destes dados, vamos planejar formas de realizar futuramente o manejo de animais para outras localidades, etapa considerada a adaptação da mudança do clima. Não podemos evitar essas transformações, mas podemos trabalhar para criar ambientes artificiais para que as espécies continuem existindo”, disse Bianca.