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06/05/2013 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:00am

Já é de praxe que as questões de saúde dos humanos sejam tratadas pelos médicos que melhor entendem do assunto. Cada vez mais, os pets também podem contar com os serviços de veterinários especialistas, uma categoria que ganha adeptos em ritmo acelerado. São cardiologistas, fisioterapeutas, acupunturistas, experts em animais silvestres e dezenas de outros tipos de profissional que se espalham pelas clínicas. Estima-se que pelo menos 20% dos cerca de 18 000 veterinários que atuam na capital já tenham alguma especialização.

“O mercado de pets se expande dia após dia, por isso todos buscam se diferenciar”, explica José Fernando Ibañez, presidente da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais de São Paulo. “A formação em áreas específicas pode fazer o salário dobrar em comparação com o de um clínico geral.” A entidade oferece cursos de dois anos focados em quinze assuntos — mais que o dobro do que estava disponível cinco anos atrás. Para trinta vagas, ela chega a receber uma média de oitenta candidatos.

Dentistas, oftalmologistas e outros veterinários especializados

Muito do progresso do segmento se deve à demanda dos clientes. “Eles se tornaram mais exigentes com seus pets, querem que os bichos recebam tratamento com a mesma qualidade que procuram para si mesmos”, afirma Márcia Jericó, endocrinologista do hospital PetCare. No ano passado, ela foi chamada para montar uma equipe da especialidade nessa clínica. Para usufruírem tais serviços, entretanto, os donos não podem se acanhar com a carteira. Em muitos casos, é preciso primeiramente passar pelo clínico geral para depois chegar ao especialista, o que resulta em pagamento em dobro.

Um dos pacientes de Márcia é o cão Monet, de 8 anos. Diagnosticado com diabetes por seu clínico, que cobra 100 reais por consulta, o totó, que apresentava resistência a insulina, foi encaminhado para a endocrinologista. “Paguei então mais 248 reais pelo atendimento”, relata sua dona, a hematologista (de humanos) Flávia Mello. “É caro, mas faço o que é melhor para o meu bebê.”

Os especialistas veterinários tendem a formar negócios conjuntos. Dedicada à medicina diagnóstica e especializada, a Provet, que tem três filiais na capital e pretende abrir mais duas até julho, reúne, entre outros, profissionais de nefrologia, gastroenterologia e reprodução. Recebe, por dia, três currículos de interessados em trabalhar lá. “Quando me formei, nos anos 90, e dizia que cuidaria apenas da boca dos animais, as pessoas riam de mim”, conta uma das dentistas do laboratório, Michèle Venturini. “Na época, os clínicos gerais faziam limpeza de tártaro e olhe lá, nada de tratamento de canal ou procedimentos complexos. Hoje, tenho cada vez mais concorrentes.”

As especialidades têm atingido um patamar que as subdivide em campos bastante específicos. No Hospital Sena Madureira, por exemplo, atua Carlos Bruner, oncologista e expert em eletroquimioterapia, técnica de choques elétricos em tumores. Por lá, trabalham ainda um veterinário dedicado somente a controlar a respiração do bicho na UTI, um expert em implantes dentários e outro focado em videocirurgia. Todos chegaram nos últimos dois anos.

Apesar da expansão da profissão, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) reconhece atualmente apenas cinco especialidades por meio de suas associações (anestesiologia, cirurgia, patologia, homeopatia e medicina veterinária intensiva). “Tem gente que se autointitula especialista mas não é”, diz o secretário-geral do CFMV, Antonio Felipe Wouk. “Por isso, o conselho tem regras rígidas que precisam ser seguidas.”