AGRONEGÓCIO
28/06/2013 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:00am
A comercialização e mercado nortearam as palestras do terceiro painel do Congresso Internacional da Carne, ontem, no Centro de Convenções de Goiânia. Com um auditório formado por técnicos, empresários, produtores e estudantes, os palestrantes debateram temas ligados ao mercado das carnes bovinas, suínas e de Aves no Brasil e no mundo. O ex presidente do Banco do Brasil e doutor em economia, Gustavo Loyola levantou questões sobre o futuro da proteína animal frente às transformações econômicas mundial.
Para entender essas transformações, segundo ele, é preciso falar da crise econômica que os Estados Unidos sofreram em 2008 e a atual crise na Europa. "O país teve que trabalhar muito para conseguir recuperar sua economia. E essa recuperação só está sendo possível graças aos estímulos à moeda americana dada pelo Banco Central." Ele explica que no continente europeu a crise é ainda mais complexa que a americana, já que os países da Europa enfrentam a crise fiscal, bancária, de crescimento. "O que aumenta a crise é o fato de serem vários países com políticas fiscais distintas", explica.
O doutor destaca que o continente acaba tendo um crescimento muito baixo. "Percebemos a recuperação da economia americana, mas não podemos esperar o mesmo da Europa, e isso causa uma grande influência na política europeia para a agricultura."
Ele lembra que do outro lado está a China, o mercado mais importante em relação ao crescimento da proteína animal. "Esse país é fundamental para o agronegócio. Houve uma redução de crescimento Chinês, que, mesmo assim, tem um grande potencial para o Produto Interno Bruto (PIB), algo em torno de 7% ao ano." Loyola afirma que isso é suficiente para sustentar a demanda de commodities relacionadas a alimentos. Para ele, há perspectivas de aumento dos salários e do consumo interno na China. "Isso favorece o consumo de proteína animal. "
O doutor também fez uma rápida análise sobre o Japão, Ásia e América Latina. "O Japão enfrenta dificuldade de crescimento, devido aos problemas demográficos, já que lá os índices de migração são bem pequenos. Na Ásia, podemos considerar que as perspectivas de crescimento são boas." Para a América Latina, as previsões são dividas por conta de se tratar de um continente que tem países com boas políticas, e outros que estão em retrocesso.
O Brasil, segundo Loyola, está perdendo acordos comerciais importantes, devido a falta de uma política comercial adequada. "O estado acaba negligenciando acordos bilaterais que serão muito positivos para a economia do país." Para o doutor, é preciso dar uma "sacudida" na política comercial brasileira. "O Brasil enfrenta uma turbulência na questão econômica e sofre com as mudanças do mercado internacional, como a valorização do dólar contra as outras moedas."
Ele observa alguns pontos de atenção para o Brasil, como o adicional de demanda, aumento externo e consumo doméstico. "A média de consumo de proteína animal per capita é de 40 Kg por habitante. Precisamos trabalhar para aumentar esse consumo." Ele conclui que, a questão da certificação e de adequação privados de sustentabilidade ambiental será fundamental para a concretização das estimativas positivas para a evolução da produção nacional de carne bovina.