Abril Verde: Médicos veterinários, como prevenir acidentes de trabalho?
17/04/2017 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:45am
Por Flávia Lôbo
De acordo com ranking de periculosidade ocupacional elaborado pela Business Insider com base no Occupational Information Network (banco de dados oficial de profissões dos Estados Unidos) e considerando os fatores: exposição a contaminação, a doenças infecciosas, a condições perigosas de trabalho, a radiação, riscos de ferimentos e o período em que o profissional passa sentado, os médicos veterinários surgem como a quarta atividade de maior risco, “perdendo” apenas para os dentistas, aeromoças e comissários de bordo e anestesiologistas. O mesmo estudo aponta também os três principais riscos da profissão: exposição a doenças/infecções, risco de ferimentos e exposição a contaminação.
Infelizmente, no Brasil, não há dados disponíveis e confiáveis para dizer quais os principais acidentes acometidos aos médicos veterinários nos últimos anos. Para se ter uma ideia, no estado de São Paulo, entre 2006 a 2016, foram notificados no Sistema de Nacional de Agravos de Notificação (SINAN NET) 63 acidentes graves dos quais 47 ocorridos com médicos veterinários; 6 com zootecnistas e 10 com pessoas que desempenham ocupações relacionadas à Medicina Veterinária.
Da mesma forma, os acidentes do trabalho (típicos, de trajeto e doença do trabalho) comunicados à Previdência Social também são subnotificados. De acordo com o Anuário Estatístico de Acidente do Trabalho (AEAT) referente ao período 2012 a 2014, foram comunicados 122 acidentes típicos, 41 de trajeto e apenas uma doença relacionada com o trabalho quando é pesquisado o CNAE 7500-1/00 Atividades Veterinárias.
Um estudo australiano de 2005, referido em artigo realizado no Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa em 2014, menciona que 66% dos acidentes ocorridos em atividades veterinárias são devidos a trauma direto com os animais, principalmente quando ele é imobilizado para realização de exames físico e de diagnóstico. Este risco é 10 vezes maior quando se trata de animais de grande porte. Neste artigo são também consideradas as mordeduras e arranhões que podem ser graves em alguns casos, além dos acidentes com material perfurocortante. Os acidentes de trajeto também são citados, sobretudo quando o profissional se desloca para a empresa do cliente.
Para o médico do trabalho da Divisão Técnica de Vigilância Sanitária do Trabalho (SES/SP), Marcelo Pustiglione e para a professora titular da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), Silvana Tognini, a melhor maneira do veterinário prevenir acidentes de trabalho é por meio de medidas específicas de proteção e de educação permanente. “Para tanto se faz necessária à implantação e implementação de programas customizados para cada área de atuação e a inclusão deste olhar prevencionista na formação acadêmica dos profissionais da área. Em resumo, a prevenção deve ser feita por meio de métodos exaustivos de precauções padrão, biossegurança, capacitações, elaborações e sanções de legislações específicas, dentre outras ações que se fizerem necessárias”, dizem os doutores.
Em relação aos médicos veterinários que trabalham com eutanásia, abates ou situações sob estresse; as pesquisas indicam que lidar com a vida e a morte pode desenvolver nos profissionais transtornos mentais. Eles vão desde doenças somáticas às psíquicas, como a síndrome depressiva, a síndrome de Burnout, entre outras.
Um bom começo para a precaução de problemas é a conscientização do próprio profissional à inclusão de medidas de proteção e prevenção em seu comportamento e atos no cotidiano. “Empregadores e gestores também não devem poupar esforços e nem regular recursos para oferecer ambientes, postos e processos de trabalho seguros e saudáveis. É fundamental a participação de especialistas em segurança e saúde no trabalho (Médicos, Enfermeiros, Engenheiros e Técnicos) para a elaboração e implementação dos programas necessários”, alertam Silvana Tognini e Marcelo Pustiglione.
Abril Verde
O dia 7 de abril é o Dia Mundial da Saúde e o dia 28 é o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes do Trabalho. Portanto, abril foi escolhido para ser o mês da prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.
Essa mobilização mensal se chama Abril Verde e tem o objetivo de reduzir os acidentes de trabalho e os agravos à saúde do trabalhador, e envolver a sociedade, os órgãos de governos, empresas, entidades de classe, associações e federações para prevenir e alertar sobre os problemas que ocorrem no dia a dia do empregado.
O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) apoia o movimento. Defender essa iniciativa é fazer mais por um trabalho saudável e sem acidentes. Somente com o envolvimento, com a troca de informações, é que se pode favorecer uma cultura de prevenção à vida e à saúde no ambiente de trabalho.
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Assessoria de Comunicação CFMV