Tratamento de catarata em animais avança

20/11/2013 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:00am

A catarata, nome dado para a opacidade do cristalino (a lente do olho), sempre foi um problema para os animais, e isso inclui o homem. Segundo especialistas, desde o século 11 são pesquisados métodos para restituir a visão de pacientes cegos por essa doença. Nessa remota época, tentava-se deslocar a lente afetada utilizando uma agulha, abrindo assim uma "janela" para a visão.
"Quando a opacidade do cristalino é total em ambos os olhos, o cão não consegue mais enxergar. Nos gatos, essa condição é mais rara", explica a médica veterinária Cintia A. Lopes Godoy-Esteves, especialista em oftalmologia do Hospital Veterinário Santa Inês.

Graças ao avanço da tecnologia e dos tratamentos na medicina humana e veterinária, é possível contar com procedimentos cada vez menos traumáticos para tratar os olhos e conseguir melhores métodos para voltar a enxergar.

Alguns estudos já apontam que a catarata está ligada à herança genética ou aos males sistêmicos, que alteram o metabolismo nessa região, como a diabetes. Ela também é relativamente frequente entre os cães de raça, como poodle, cocker spaniel, schnauzer, entre outras.

Outro ponto importante é que, até alguns anos atrás, para a realização da cirurgia havia a necessidade de a catarata estar hipermadura (bem branca), já que era feita a retirada do cristalino inteiro, por meio de uma incisão na córnea de mais de 1,0 cm.

"Hoje, com a utilização do método de facoemulsificação, podemos realizar a quebra e aspiração do material lenticular por uma incisão de apenas 2,5 mm. Isso quer dizer que a cirurgia pode ser realizada em qualquer fase da catarata, desde muito inicial, incipiente, até bem madura", completa Cintia.

O novo método tem uma alta taxa de sucesso, com aproximadamente 95% de chance de recuperação da visão. Além disso, da mesma forma que no homem, é possível inserir uma lente intraocular, que irá melhorar a qualidade visual após a cirurgia.

Para o animal ser submetido ao procedimento, porém, é preciso ter certeza de que a cegueira é consequência apenas da catarata e que não há outras alterações oculares intercorrentes. No caso da atrofia de retina, por exemplo, a retirada do cristalino opaco não restabelece a visão, porque a retina não está mais funcional.

Segundo a veterinária, a detecção precoce de problemas oftalmológicos e o acompanhamento por um especialista são primordiais, já que muitas doenças não são diagnosticadas sem a realização de exames específicos. "A visita anual ao oftalmologista é recomendada mesmo na ausência de sintomas visíveis de doenças, cujo início pode ser silencioso para o tutor e até mesmo para o Veterinário generalista."

De maneira geral, as avaliações das estruturas oculares são bem parecidas com as realizadas no homem. São feitas as medições da pressão intraocular e da produção de lágrima, além da utilização de corantes específicos para identificar lesões. Há também exames mais sofisticados nessa área, como a ultrassonografia dos olhos e a avaliação da retina.

Campanha oftalmológica

O Hospital Veterinário Santa Inês está promovendo um mês especialmente dedicado ao tratamento e prevenção de doenças oculares. Do dia 1 a 30 de novembro, os tutores dos animais pagarão apenas pela consulta e os exames oftalmológicos do melhor amigo já estarão inclusos no pacote. Entre as avaliações, poderá ser realizada a medição dapressão interna do globo ocular (tonometria), a ultrassonografia ocular e o teste de Schirmer, que determina se um olho produz a quantidade suficiente de lágrima.

"A ideia é promover o bem-estar, cuidando do que é importante: a saúde. Sabemos como é difícil para o tutor e para o animal quando esse animal perde a visão. Por isso, investimos na prevenção para que o bicho de estimação possa ter uma melhor qualidade de vida", explica Eduardo Pacheco, diretor clínico do Santa Inês.