Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária divulga nota sobre EAD

13/01/2021 – Atualizado em 30/10/2022 – 9:02pm

A Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária de Santa Catarina, (SOMEVESC) divulgou, esta semana, em suas redes sociais uma nota contra a oferta de curso de graduação em Medicina Veterinária na modalidade Educação a Distância (EaD) oferecida pela instituição de ensino do estado Unifacvest. O conteúdo é assinado pelo presidente da SOMEVESC, Adil Knackfuss Vaz. Confira abaixo.

Novamente? Medicina Veterinária à distância (EaD)?

Na data de ontem (11/01), fomos surpreendidos por matéria na mídia, de que uma IES catarinense voltou à carga, repetindo a oferta de um curso de graduação em Medicina Veterinária na modalidade Educação a Distância (EaD), como se pode ser constatado no link: https://miltonbarao.com.br/2021/01/11/engenharias-e-saude-tambem-ead-na-unifacvest/.

Este assunto foi centro de discussões em 2019, tendo sido repudiado pela Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária (SOMEVESC), pelos Conselhos Federal e Regional de Medicina Veterinária (Sistema CFMV/CRMVs) e por outras entidades representativas da área da saúde, por considerarem inexequível a oferta de uma educação e formação profissional de qualidade, exclusivamente na modalidade EaD na área da saúde. Para reforçar, na época, o CFMV publicou a Resolução nº 1256/19, proibindo a inscrição e o registro de egressos de cursos de Medicina Veterinária ofertados na modalidade a distância. Inclusive, o Ministério Público Federal (MPF) recomendou ao MEC a suspensão de autorização de funcionamento de cursos no formato EaD na área da saúde. Assim, os graduandos em cursos a distância correm o risco de não obter registro profissional nos Conselhos e, portanto, não poderem exercer a profissão de médico-veterinário.

As entidades representativas consideram ser imprescindível que os cursos de graduação em Medicina Veterinária sejam presenciais, diurnos, em tempo integral e com dedicação exclusiva.  Somente assim, pode-se oferecer ao estudante o contato direto com seus professores, elevada e indispensável carga horária voltada para atividades práticas ao longo do curso, bem como estágios de aprendizagem e metodologias ativas e estratégias de aprendizagem que diferenciam a Medicina Veterinária e demais profissões da área da saúde. Garante-se assim que a sociedade em geral receba profissionais de qualidade, com a formação sólida necessária para prestar serviços confiáveis ao público. Ressalta-se, que as entidades sempre lutaram e se manifestaram contrárias à Resolução do MEC que permitiu a ampliação do limite de aulas a distância para 40% da carga horária total dos projetos pedagógicos dos Cursos de Medicina Veterinária, ao invés dos 20% anteriormente previstos.

Chama a atenção ainda, que somente em Santa Catarina, pasmem, são ofertados 26 cursos de graduação em Medicina Veterinária, de instituições públicas e privadas, gerando um total de egressos mais do que suficiente para atender a demanda de profissionais de nosso Estado. O que também se reflete nos números nacionais, transformando o Brasil no país que tem o maior número de cursos no mundo. Temos mais cursos no Brasil que a soma dos doze maiores países, mostrando a distorção que está ocorrendo no oferecimento de vagas em Medicina Veterinária.

Entendemos que a pandemia levou à busca de novas soluções, mas que estas não prejudiquem o andamento dos cursos. Que se adotem adequações para formação da graduação em termos de estratégias temporárias de ensino remoto, não necessariamente na modalidade EaD, de forma a não prejudicar as gerações futuras de médicos veterinários, nem a sociedade que depende dos conhecimentos e serviços por eles ofertados.

Nossa expectativa é que a pandemia não seja um pretexto para generalizar essas medidas emergenciais, que no longo prazo prejudicam nossa profissão e a sociedade, com a oferta de graduações da área da saúde no formato EaD.

Adil Knackfuss Vaz
Presidente da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária