Mercado

21/05/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:48am

O peixe asiático, em especial da China e do Vietnã, está cada vez mais presente na mesa brasileira. O crescimento das importações desses países no primeiro trimestre deste ano comprova isso. Em dez anos – entre 2002 e 2012 – as importações dos peixes asiáticos como um todo dispararam 700%, passando de US$ 63 milhões para US$ 500 milhões. O sucesso comercial vem acompanhado de suspeitas em relação à qualidade. Segundo produtores brasileiros, o peixe importado não segue as normas sanitárias exigidas por aqui e seria pescado em rios poluídos.

O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) iniciou análise de risco de importação de filés de peixes da família Pangassidae procedentes do Vietnã. De acordo com o analista de Comércio Exterior do MPA, Renato Silva Cardoso, após a finalização da análise, o ministério definirá se o pescado poderá continuar a ser importado e, em caso positivo, sob quais condições.

Ele explica que a autorização da importação do pescado foi concedida anteriormente à criação do MPA. "O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é responsável em apurar os assuntos relacionados à Saúde Pública", ressalta.

"Deveria ter um acompanhamento mais intenso do Ministério da Agricultura e também do da Pesca com relação ao panga, que é do Vietnã. É necessário uma fiscalização e um maior rigor no cadastramento de empresas que querem exportar para o Brasil", ressalta o presidente do Conselho Nacional de Pesca e Aquicultura (Conepe), Fernando Ferreira. A entidade informa que as importações da China cresceram 52,59% no primeiro trimestre. No mesmo período, as compras do Vietnã subiram 82,5%.

Para Ferreira, a qualidade dos peixes do Vietnã é duvidosa. "Lá, eles colocam um produto que acaba branqueando o peixe e que aqui, no Brasil, não é permitido. Se aqui tal produto não pode ser usado deve ter um motivo. O fato é que não existe uma isonomia sanitária. Queremos equiparação sanitária", diz.

Também há reclamação dos produtores nacionais quanto ao preço e às condições de criação dos peixes importados. O presidente do Conepe destaca ainda que os peixes asiáticos, que custam em média 40% menos na comparação com os nacionais, estão fazendo um estrago no mercado doméstico há cerca de três anos. Eles já incomodam, assim como acontece em diversos setores da economia brasileira. "É uma concorrência desleal. Nesses países, a mão de obra é extremamente barata. Afinal, não há lei trabalhista. Eles estão matando o parque industrial pesqueiro do Brasil", diz

SUCESSO

Panga caiu no gosto do consumidor

O peixe vietnamita panga vem ganhando, a cada dia, mais espaço na mesa dos belo-horizontinos. O produto, conforme diversas peixarias da capital mineira, já é um dos mais vendidos. O atrativo, de acordo com empresários do setor, além do sabor, está no bolso, com o quilo a R$ 13,90.

Na Peixaria São Francisco, em Venda Nova, o peixe é um dos campeões de vendas, segundo o sócio da empresa, Francisco Batista de Mello. "Ainda há receio por causa da internet, mas o governo não deixaria entrar no país um peixe de procedência duvidosa", defende, referindo-se a questionamentos sobre a qualidade do produto que circulam na rede.

No Armazém do Peixe, no Santa Mônica, o panga também está entre os mais vendidos, diz o proprietário Alexssander dos Santos. "Vendo esse peixe desde a abertura de loja e ele vem ganhando espaço a cada dia", frisa. "Ele tem qualidade, é bonito, flexível e barato", completa. (JG)