Japão

29/08/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:43am

Empresas esperam exportar carne suína para o país a partir de 2013; lista de habilitados deve sair em 60 dias

Mesmo que ainda faltem capítulos no processo de negociação da abertura do mercado japonês para a carne suína brasileira, anunciada nesta semana, exportadores do setor começam a traçar expectativas. O Japão é o maior importador mundial da proteína, com potencial de US$ 5 bilhões em negócios.

Embora a lista com as unidades autorizadas a realizar embarques deva ser conhecida num prazo de 30 a 60 dias, empresas como BRF, Aurora e Marfrig, tradicionais nesse ramo e donas de fábricas em Santa Catarina, estado que recebeu o sinal verde dos asiáticos, estão otimistas. "Nossa expectativa é que os embarques ocorram efetivamente a partir do ano que vem", disse João Sampaio, vice-presidente de relações institucionais do grupo Marfrig. "Ainda há capítulos pela frente, como a aprovação do CSI (Certificado Sanitário Internacional) e depois a indicação de que unidades poderão exportar. Mas como a segunda do país em Suínos e com forte presença em Santa Catarina, a Marfrig vê essa notícia com muito otimismo."

Sem divulgar detalhes da estratégia por enquanto, Sampaio, da Marfrig, lembra que a grande vantagem para a companhia será conseguir trabalhar a "multiplataforma". "Poderemos trabalhar com as vantagens de embarcar a partir de mais um local, onde somos o segundo do setor", diz. O grupo, presidido por Marcos Molina, tem unidades habilitadas para exportar para os japoneses na Malásia, Tailândia e China. A partir do Brasil, também pode comercializar salsicha suína.

Já a Aurora estima exportar cerca de 500 toneladas em princípio para esse mercado. O volume representa 10% das vendas externas totais da companhia. "Já temos clientes no Japão que importam frangos. E essas empresas nos contataram, interessadas em comprar carne suína também", disse Neivor Canton, vice-presidente do conselho deliberativo da Aurora, que estima faturar R$ 4,2 bilhões em 2012.

Para Canton, o Japão, embora exigente, poderá render frutos mais rapidamente que os EUA, outro país que abriu as portas para a carne suína brasileira em 2012. É que os americanos são grandes exportadores desse tipo de proteína, enquanto os japoneses dependem muito do mercado externo. "Ainda não fechamos negócios com os EUA", diz o executivo da Aurora.

O fato de o Brasil ser o maior exportador de carne de Aves in natura congelada para o Japão, com quase 90% do mercado, também contará como fator positivo para os brasileiros. "Não existe motivo para, também em carne suína, o Brasil não passar a atender volume importante das importações japonesas. Acreditamos que rapidamente, já em 2013, o Brasil deverá fornecer cerca de 15% das importações do Japão", afirma Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs.

Próximo capítulo

Os representantes do Ministério da Agricultura do Brasil apresentam hoje, em Tóquio, a primeira proposta do Certificado Sanitário Internacional para o governo japonês. O documento é fundamental porque estabelecerá as regras necessárias para que as vendas sejam feitas. "Se as exigências forem como a dos EUA poderíamos embarcar logo. Se houver necessidade de adaptação de produção, demoraria mais", diz Canton.