CFMV propõe a inclusão do médico-veterinário na saúde indígena

03/07/2023 – Atualizado em 06/07/2023 – 11:10am

O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), por meio da Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária (CNSPV/CFMV), defendeu a proposta de inserção do médico-veterinário e a criação do Núcleo de Vigilância de Zoonoses na Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). A ideia foi apresentada durante a atividade autogestionada da CNSPV/CFMV na abertura da 17ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), no domingo (2).

O objetivo é tornar a vigilância e o controle de zoonoses uma política pública na saúde indígena, pelo viés da saúde única, na qual o médico-veterinário atuará não somente como agente de saúde pública, mas também na preservação do meio ambiente e da biodiversidade. Para isso, o CFMV e os integrantes da comissão estão em articulação com o Ministério da Saúde e a Sesai.

Em sua apresentação, o médico-veterinário Nélio de Morais, presidente da CNSPV/CFMV, abordou algumas das principais doenças oriundas da interação dos povos indígenas com o meio ambiente e os animais silvestres e de companhia que participam do ciclo das zoonoses, como leishmaniose visceral e raiva, entre outras. Morais citou também as arboviroses, a exemplo da dengue e da febre amarela, os acidentes com animais peçonhentos (cobras, aranhas e escorpiões), bem como a oncocercose e a epidemia de tungíase, conhecida como bicho-de-pé, que leva à amputação de membros, em casos mais severos.

“É preciso estabelecer um convívio saudável entre os povos indígenas, os animais e o meio ambiente. Por isso, deve haver o monitoramento dessa interação, visando à vigilância e ao controle das zoonoses com o olhar da saúde única, sendo o médico-veterinário primordial nesse ciclo”, afirmou Morais, durante o evento.

Para a cacica do povo indígena karaxuwanassu, Valquíria Batista, a proposta do CFMV de incluir o médico-veterinário na saúde indígena é oportuna. “A nossa terra está em meio à Mata Atlântica e temos muita interação com os animais, inclusive gado, e o aparecimento de morcegos. Já registramos algumas doenças, até nos animais. Para nós, é imprescindível a presença do médico-veterinário para nos orientar”, ressalta ela, que atua como agente de saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Igarassu, em Pernambuco.

Médico-veterinário na saúde indígena

Entre os pontos previstos na proposta da CNSPV/CFMV para a inclusão e atuação do médico-veterinário na Sesai, estão a coordenação, supervisão e execução de ações de prevenção e controle de zoonoses, de doenças de transmissão vetorial e dos agravos causados por animais de importância para saúde pública.

Também está contemplada a realização de coleta de amostras biológicas para o diagnóstico laboratorial de enfermidades em animais, como leishmaniose visceral, raiva e outras doenças parasitárias de interesse na saúde indígena, bem como a coordenação e execução das campanhas de vacinação animal.

Como agente de saúde pública, o profissional será responsável também pela promoção de atividades com foco em educação em saúde e humanitária, promovendo a mobilização social, informando, sensibilizando e transformando a população em atores ativos no processo de promoção e prevenção à saúde.

Participação do CFMV

A 17ª CNS é a edição da conferência que conta com mais participantes do federal. Estão presentes os médicos-veterinários delegados José Renato de Rezende Costa, por Minas Gerais; Mário Ramos de Paulo e Silva, eleito no IX Fórum de Saúde Pública Veterinária, conferência livre realizada em São Paulo; e Erivânia Camelo, eleita durante a reunião do Fórum das Entidades Nacionais dos Trabalhadores da Área de Saúde (Fentas), em maio deste ano. Junta-se a eles o delegado nato João Alves do Nascimento, representante do CFMV no Conselho Nacional de Saúde e integrante do Fentas.

Como convidados do CFMV, participam do evento os médicos-veterinários Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior, Geraldo Vieira Andrade Filho, Phyllis Catharina Romijn e Josué Oliveira Moreira, membros da CNSPV, além de Mariana Gomes Ferreira Machado de Siqueira, Maria Elisa de Almeida Araújo e Virgínia Teixeira do Carmo Emerich.

17ª Conferência Nacional de Saúde

A etapa nacional da 17ª CNS, organizada pelo Conselho Nacional de Saúde, órgão do Ministério da Saúde, segue até o dia 5 de julho, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília (DF).

Com o tema “Garantir direitos, defender o SUS, a vida e a democracia – Amanhã vai ser outro dia”, a CNS discutirá as próximas diretrizes que nortearão o Sistema Único de Saúde (SUS) e servirão de subsídio para a elaboração do Plano Nacional de Saúde e do Plano Plurianual 2024-2027, previstos no planejamento da União. As propostas a serem apresentadas são oriundas das conferências municipais e estaduais.

A CNSPV/CFMV estará presente em todos os dias da conferência, participando dos grupos de trabalho e das atividades, propondo diretrizes e moções que visem à integração da Medicina Veterinária em ações em prol da saúde pública brasileira.  

A apresentação da CNSPV, intitulada “Vulnerabilidades às zoonoses e outros agravos envolvendo animais e povos indígenas: como prevenir e controlar?”, pode ser conferida na íntegra aqui.

 

Assessoria de Comunicação do CFMV