IBGE

18/06/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:48am

O Brasil tem 1.088 espécies ameaçadas de extinção. O levantamento foi feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) dentro do relatório dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS 2012), lançado nesta segunda (18), na Rio+20, Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável que vai até dia 22 de junho, no Rio.

São 627 espécies de animais e 461 de plantas com risco de extinção. O Brasil e mais 12 países abrigam 70% da biodiversidade total do planeta.

Uma das principais ameaças aos ecossistemas brasileiros vem das queimadas e incêndios florestais. Além desse perigo, 75% das emissões líquidas de gases do efeito estufa vêm do desmatamento.

Os IDS traçam um panorama do país em quatro dimensões: ambiental, social, econômica e institucional em 62 indicadores. Entre eles está alfabetização, homicídios, saneamento básico, mortalidade infantil, igualdade de gêneros, reciclagem, energia e biodiversidade.

Cerca de 300 animais correm o risco de extinção a médio prazo, em especial Aves, peixes de água doce e insetos (160,142 e 96 espécies ameaçadas, respectivamente -dados de 2005). Na flora, as espécies arbóreas são as mais vulneráveis, pois, além do desmatamento e das queimadas, o crescimento relativamente lento dificulta a recuperação natural da destruição provocada pela atividade madeireira.

A Mata Atlântica apresenta o maior número de espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção (275 e 269, respectivamente), seguida pelo Cerrado (131 e 99) e pela Amazônia (118 e 24).

Entre as principais causas de perda da biodiversidade, além da destruição e fragmentação do habitat e das práticas de extração (caça, captura e coleta), sobressai a introdução e dispersão de espécies exóticas invasoras. Elas são responsáveis também por prejuízos econômicos diretos e imediatos, como no caso do mexilhão dourado.

Em 2010, foram registradas 330 espécies invasoras no Brasil, terrestres e aquáticas, das quais 180 animais – com predomínio de peixes (60) e mamíferos (18) – e 146 vegetais – com maior número de árvores (58), seguindo-se ervas e gramíneas (47). O sagui-estrela é um exemplo de invasor brasileiro: originário do Nordeste, foi levado para as matas do Centro-Sul como animal de estimação e compete hoje com os micos locais. As espécies invasoras se encontram dispersas por todo o país e 60% dos municípios têm registro da ocorrência de pelo menos uma delas.

Desflorestamento da Amazônia cai, mas Mata Atlântica preocupa

Uma das principais ameaças aos ecossistemas brasileiros vem das queimadas e incêndios florestais, mas o número de focos de calor detectados pelos satélites, em 2011, caiu quase 50% em relação a 2010. A concentração mais extensa e recorrente ocorre no "arco do desflorestamento e das queimadas", ao sul e leste da Amazônia Legal – que engloba os Estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Tocantins, Maranhão (oeste) e Mato Grosso.

A partir do ano de 2004 observa-se uma tendência de queda no desflorestamento da Amazônia como um todo, com oscilações em alguns Estados. Apesar disso, a área desflorestada se aproxima dos 20% da área florestal original da Amazônia.

A situação nos biomas extra-amazônicos não é menos crítica: da Mata Atlântica, restavam, em 2010, 12%, sendo que a mata foi substituída por áreas agrícolas, pastoris e urbanas. As taxas são elevadas em todas as unidades da federação, sendo que, em termos relativos, Goiás apresenta a maior (95%) e Santa Catarina, a menor (77%). Dos demais biomas, o Pampa apresenta o maior percentual de desmatamento 54% (dados de 2009), seguido pelo Cerrado que, em 2010, fora desmatado em 49%. Na Caatinga, até 2009, eram 46%, cabendo o menor valor relativo ao Pantanal, com 15%.

Emissões de CO2
Os desmatamentos na Amazônia e as queimadas no cerrado somam mais de 50% do total de emissões líquidas de CO2 do Brasil. Se considerarmos a destruição de florestas e outras formas de vegetação nativa, o número sobe para mais de 75%, colocando o país entre os dez maiores emissores mundiais de gases efeito estufa.

Cresce o número de áreas protegidas "No esforço de manutenção da biodiversidade, é fundamental a delimitação de áreas protegidas – Unidades de Conservação (UCs) e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) -, onde a exploração dos recursos naturais é proibida ou controlada por legislação específica", diz o relatório.

Em 2011, as UCs, excluídas as marinhas, representavam 8,8% do território nacional. A Amazônia detém a maior área protegida, com 16% de sua área total em UCs, das quais 8% de proteção integral, abrigando também as maiores UCs em extensão. Na maior parte dos biomas, entretanto, a área protegida é relativamente pequena e fragmentada, ficando abaixo da média mundial, de 5%