Diversidade
11/01/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:24am
Nos últimos dez anos, foram descobertas 1,2 mil novas espécies na Amazônia, uma a cada três dias. É o que aponta um estudo feito pela organização World Wildlife Fund (WWF), publicado nesta terça-feira (26/10). "Os números são contundentes e significa que ainda hoje continuamos descobrindo novas espécies", diz Francisco Ruiz, chefe da Iniciativa Amazônia Viva, da WWF.
De acordo com o representante da WWF, os governos, as ONGs, os cientistas e a sociedade civil têm de redobrar esforços para conservar a Amazônia. "Algumas dessas plantas poderiam ter aplicação farmacológica e estamos pondo espécies em perigo”, adverte.
No total, no relatório "Amazônia Viva!: Uma década de descobertas 1999-2009" se incluem 637 plantas, 257 peixes, 216 anfíbios, 55 répteis, 16 aves e 39 mamíferos, até agora não detectadas, embora algumas possam ter origens pré-históricas.
Entre elas está a Martialis heureka, apelidada de “formiga marciana”, por sua combinação de características jamais registradas. Trata-se de um surpreendente exemplar depredador e cego, de dois a três milímetros de comprimento, cor branca, sem olhos, mas com grandes mandíbulas.
Descoberta no Brasil em 2008, a espécie pertence ao primeiro gênero novo de formigas vivas descoberto desde 1923. Segundo seu descobridor, o cientista Christian Rabeling, a "formiga marciana” poderia descender de uma das primeiras formigas que evoluiu na Terra, há mais de 120 milhões de anos.
A interação entre homem e meio ambiente levou os moradores do município de Rio Pardo, RS, a descobrirem, por acaso, o peixe Phreatobius dracunculus quando perfuravam um poço e encontraram vários espécimes nos baldes em que extraíam água. Desde então, esta espécie que vive principalmente em águas subterrâneas foi visto em outros poços, a maioria deles em Rondônia.
Por seu colorido, destaca-se entre as espécies recém-descobertas o papagaio-de-cabeça-laranja, achado em localidades dos rios Madeira e Tapajós, que foi registrado como "quase ameaçado" porque sua população, que já é pequena, está diminuindo com a destruição de seu habitat.
Outra das espécies mais peculiares é uma rã com cabeça cor de fogo e patas contrastadas, encontrada na região florestal de Iquitos, no Peru.
Como bioma, a Amazônia abrange 6,7 milhões de quilômetros quadrados, o que representa 45% da superfície continental da América do Sul. No entanto, a maior parte da região continua sem ser explorada.
Segundo a WWF, nos últimos 50 anos, o homem provocou a destruição de 17% da área de floresta tropical na Amazônia, um espaço maior que a Venezuela ou duas vezes o tamanho da Espanha.
A organização aponta o rápido crescimento da demanda de carne, soja e biocombustível como uma das principais causas desta transformação, já que 80% das áreas desmatadas são ocupadas por pastos para gado.
Dado o nível de desenvolvimento de alguns países, a WWF destaca a necessidade de avançar na definição de áreas protegidas, além de parques naturais e reservas, que permitam a conservação do meio ambiente.