Dia da Defesa da Fauna lembra necessidade de combater desmatamento e tráfico de animais

22/09/2020 – Atualizado em 30/10/2022 – 9:03pm

No dia 22 de setembro se celebra o Dia da Defesa da Fauna. Nesta ocasião, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) parabeniza todos os profissionais que atuam para promover a saúde e o bem-estar dos animais e reforça a importância de conter o desmatamento, o tráfico de animais e outros fatores para a sobrevivência da fauna brasileira e do desenvolvimento sustentável do planeta.

É também uma oportunidade de lembrar a importância da saúde única, em que a saúde de animais, homens e do meio ambiente está diretamente conectada. Os médicos-veterinários são guardiões da sanidade animal, agentes da saúde pública e gestores ambientais em áreas ligadas ao desenvolvimento sustentável.

Fauna silvestre

Segundo a Lei Federal nº 5.197, “animais de qualquer espécie, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais, são propriedade do Estado, sendo proibida sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha”.

Apontado como a terceira maior atividade ilícita no mundo, depois das armas e das drogas, o tráfico de animais movimenta entre US$ 10 e 20 bilhões por ano. O Brasil abriga grande parte das espécies traficadas, segundo o “Relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna Silvestre”, feito pela Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas).

Em espécies silvestres, os números são ainda mais alarmantes. Segundo dados de 2014 do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), há mais de mil espécies de animais em risco de extinção no Brasil. Entre as causas do desaparecimento de espécies estão o tráfico de animais, desmatamento, queimadas, caça predatória e poluição, que influenciam diretamente os animais e/ou seus habitats. A perda e degradação do ambiente natural, principalmente em decorrência da expansão agrícola e urbana, bem como da instalação de grandes empreendimentos, como hidrelétricas, portos e mineração, é a mais importante ameaça para as espécies continentais. Para as espécies marinhas, a pesca excessiva, seja direcionada ou incidental, é a ameaça que mais se destaca.

Em 2018, o ICMBio e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) lançaram o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. A publicação contou com a participação de 1.270 pesquisadores e contabiliza 1.173 espécies da fauna sob risco de extinção. Outras 318, apesar de não estarem perto de desaparecer, também têm a existência ameaçada. A nova edição da lista oficial de animais sob risco de extinção dá continuidade a relatórios produzidos em 2003, 2004, 2005 e 2008. Os números atuais revisam as listas publicadas pelo MMA no final de 2014, conforme as portarias nº 444 e 445 da pasta, e o Livro Vermelho 2008. Também atualiza algumas das nomenclaturas de espécies anteriormente empregadas nesses documentos.

A busca pela convivência pacífica entre espécies vem se tornando pauta cada vez mais frequente, no entanto a realidade está longe do ideal. De acordo com relatório da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), da Organização das Nações Unidas (ONU), quase um milhão de espécies de animais e plantas correm risco de extinção nas próximas décadas, caso não ocorram mudanças radicais em medidas de conservação dos recursos da Terra.

O estudo apontou que atividades humanas são as principais ameaças à vida selvagem, concluindo que em torno de 25% das espécies de animais e plantas estão vulneráveis. Nesse contexto, a ONU incluiu a proteção animal nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), com 17 objetivos e 169 metas na área ambiental que devem ser alcançadas pelos países até 2030. Entre eles, estão previstos a conservação e uso sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos; e a proteção, recuperação e promoção do uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gestão sustentável das florestas, combate à desertificação, a interrupção e reversão da degradação da terra e da perda de biodiversidade.

Focos de incêndios

Nos últimos dias, imagens de animais mortos e feridos em decorrência de focos de incêndios florestais no Brasil são veiculadas no mundo todo e causam indignação.

De acordo com informações registradas pelo Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe), de 1º de janeiro a 12 de setembro deste ano, foram contabilizadas 125.031 queimadas no país, o maior registro para o período desde 2010, quando 182.170 focos de calor foram mapeados no mesmo intervalo.

No comparativo com o ano passado, o número de incêndios nas florestas brasileiras já aumentou 10%, em 2020. O crescimento mais preocupante é no Pantanal. Em relação ao período entre 1º de janeiro e 12 de setembro de 2019, a quantidade de queimadas no bioma saltou 210% de 4.660 para 14.489 ocorrências, neste ano.

Regionais lançam campanhas para ajudar animais silvestres vítimas de incêndio no Pantanal

Na última terça-feira (15), o Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul (CRMV-MS) por meio da Comissão Estadual de Animais Silvestres (CEAS) e da Comissão Estadual de Meio Ambiente (CEMA) lançou a campanha “SOS Animais Silvestres”, voltada a vítimas do incêndio no Pantanal sul-mato-grossense. O intuito é arrecadar medicamentos e insumos de uso veterinário essenciais para tratar os animais que são vítimas das queimadas.

Segundo a presidente da CEAS, a médica-veterinária Paula Helena Santa Rita, a intenção é anteceder a situação que acontece hoje no Mato Grosso. “Estamos nos adiantando, pois, se a situação do MT se repetir aqui já estaremos preparados”, afirmou.

O presidente do CRMV-MS, Rodrigo Piva já está em contato com o Governo do Estado e com órgãos responsáveis para que haja uma atuação em conjunto no resgate dos animais vitimados pelas queimadas. “O governador decretou estado de emergência por 90 dias, porém queremos estar um passo à frente e estarmos prontos para auxiliar no que for preciso, caso seja necessário ampliar o atendimento aos animais silvestres”, pontuou.

O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Mato Grosso (CRMV-MT) também está apoiando o resgate de animais nos incêndios que ocorrem no estado. O conselho está recebendo medicamentos e insumos. O regional também promoveu um cadastro para profissionais voluntários se juntarem aos grupos que estão realizando resgates, entretanto, pela grande adesão, as inscrições estão suspensas, por enquanto.

O CRMV-MT reforça que apenas pessoas competentes e habilitadas podem fazer o resgate desses animais. Os riscos do manejo da fauna silvestre por pessoas não habilitadas vão desde possíveis agressões por parte do animal que se encontra em fuga e machucado até a transmissão de zoonoses. A força-tarefa ressalta que para o resgate são necessários equipamentos e técnicas que somente pessoas treinadas possuem.

O que fazer – Caso encontre algum animal silvestre ferido no Pantanal, entre em contato com a Polícia Militar (190), passe todas as informações de localização e situação do animal e uma equipe treinada vai se dirigir ao local. Em caso de dúvida, entre em contato com a Coordenadoria de Fauna da Secretaria de Estado de Meio Ambiente: (65) 3613-7291, em Cuiabá.

É impossível pensar no futuro do planeta sem considerar que animais são um importantíssimo fator a ser considerado. O CFMV celebra a data acentuando seu compromisso com o bem-estar e a proteção animal.

Assessoria de Comunicação do CFMV, com informações do Correio Braziliense e do CRMV-MS e do CRMV-MT