CFMV contribui para consulta pública sobre avaliação de riscos de agrotóxicos para abelhas

07/07/2016 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:48am

O Brasil é um dos grandes consumidores de agrotóxicos do mundo. Considerando a importância de estudar as consequências de seus efeitos para a Saúde Única, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) enviou, no dia 30 de junho, contribuições para consulta pública do Ministério do Meio Ambiente sobre projeto que estabelece diretrizes, requisitos e procedimentos para avaliação dos riscos de agrotóxicos às abelhas.

Um dos pontos alertados pelo CFMV é a ausência, no documento, de parâmetros sobre os efeitos subletais causados pelos agrotóxicos aos polinizadores. Tais efeitos atingem o desenvolvimento, a reprodução, o comportamento, a memória e o forrageamento de abelhas operárias.

Recomenda-se, portanto, que a atenção fique não somente na mortalidade aguda das abelhas, mas também nos efeitos subletais causados, que possuem maior complexidade de avaliação.

Alterações morfológicas ocasionadas às abelhas que entram em contato com a substância também devem ser levadas em conta, segundo o CFMV, com necessidade de avaliações de contato ou ingestão em diferentes fases do desenvolvimento da abelha.

Outra consideração é sobre o efeito sinergístico de moléculas quando utilizadas ao mesmo tempo, prática comum na aplicação de blends em campo. Segundo o CFMV, alguns compostos podem interagir com agentes patogênicos e potencializar seus efeitos, além de interferir negativamente na fertilidade das rainhas.

Cuidados especiais

Foram feitas ainda advertências sobre a não-aplicação de agrotóxicos imediatamente antes ou durante a floração e suspensão de aplicação aérea caso necessário.

A necessidade de cuidado especial com prazo e cumprimento de períodos de avaliação dos produtos já registrados no Brasil também foi sugerida, com a realização anual de amostragem de produtos já registrados além do período legal de reavaliação.

O CFMV recomenda ainda que conste no texto diferentes grupos representativos de abelhas.

Referências na área

Pensando em referências para avaliação dos efeitos dos agrotóxicos, o CFMV sugere que haja na instrução normativa uma lista de laboratórios de referência do Ibama e de reconhecida proficiência pública nacional, capazes de realizar os testes toxicológicos diversos na reavaliação dos produtos agrotóxicos.

Também propõe incluir no texto inferências a órgãos profissionais para fazer parte de grupos de estudos ou de observância de resultados sobre o tema.

Atuação de médicos veterinários e zootecnistas

Hoje, a Apicultura é uma das especialidades emergentes da Medicina Veterinária e da Zootecnia. Há uma grande diversidade de abelhas no Brasil, aproximadamente 1.700 espécies distribuídas em quase 300 gêneros, responsáveis pela polinização de 30% a 90% da flora nativa, dependendo do ecossistema considerado.

A preocupação sanitária torna essencial a presença do médico veterinário no acompanhamento da produção e inspeção apícola. Além do trabalho na área da nutrição, produção, sanidade e inspeção, o médico veterinário também atua nas universidades como docente ou em laboratórios de análise dos produtos de origem apícola.

O zootecnista atua na área de nutrição e alimentação das abelhas, buscando produtividade e bem-estar das colmeias. Além disso, trabalha no planejamento e gerenciamento da produção, agregando valor e administrando um programa de melhoramento genético que garanta preservação e produtividade com equilíbrio ambiental.

No CFMV foi criado, no final de 2015, um grupo de trabalho para discutir a elaboração de treinamentos e resoluções relativas à área de Apicultura.

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Assessoria de Comunicação do CFMV