Brasil teve um papel importante para a proteção do comércio internacional de animais vivos
15/07/2016 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:48am
Há quase um século, um episódio ocorrido no Brasil daria origem aos primeiros acordos internacionais que buscam evitar a transmissão de doenças animais através das fronteiras. As informações são dos registros da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), que revelam como o território brasileiro foi o primeiro a registrar um caso de disseminação de enfermidades entre continentes. O caso aconteceu em Osasco (SP), onde um boi de carga foi acometido por um surto de Peste Bovina originado na Ásia.
O contágio teve início em 1920, quando partiu da Índia uma carga de bovinos zebus infectados pelo vírus da peste bovina. A enfermidade foi detectada ainda no início da viagem e, na tentativa de proteger o restante do rebanho, os animais acometidos pela doença foram deixados na altura do porto de Antuérpia, na Bélgica. Sobreviveram um total 171 animais, que foram encaminhados para o seu destino final, no Porto de Santos.
Em território brasileiro, os animais foram distribuídos pelas ferrovias São Paulo Railway e Paulista. No entanto, alguns desses espécimes sofriam da Peste Bovina e a infecção passou desapercebida durante a viagem. No ano seguinte já era possível notar sinais clínicos da doença em rebanhos brasileiros nos municípios de Cotia, São Roque e Itu.
O caso índice da transmissão em território brasileiro foi identificado em um matadouro de Osasco, em um boi de carga. A investigação acusou um vínculo epidemiológico entre a infecção deste animal e a Peste Bovina originada na Índia, constituindo o primeiro registro inequívoco de disseminação de enfermidades entre continentes. A mesma contaminação foi registrada na Bélgica, onde a carga havia passado a caminho do Brasil.
O evento obrigou um grupo de 28 países apoiados pela Liga das Nações, entre eles o Brasil, a firmar em 1924 um acordo internacional que seria ratificado com a criação do Escritório Internacional de Epizootias, sediado em Paris. Em maio de 2003, a instituição se tornou a Organização Mundial de Saúde Animal, que até hoje mantém a sigla histórica do seu nome original em francês (Office Internacional des Epizooties, ou OIE).
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Assessoria de Comunicação do CFMV com informações da OIE