Artigo relata o trabalho de médicos veterinários militares em defesa da Saúde Única
14/11/2017 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:43am
Por Flávia Lôbo
Saúde Única é uma abordagem que considera como humanos e animais interagem ecologicamente em um ambiente, onde qualquer alteração nestas relações provocará desequilíbrios e, consequentemente, a propagação de doenças.
A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) estima, por exemplo, que 60% de todos os patógenos que afetam os humanos são zoonoses, isto é, doenças infectocontagiosas que podem ser transmitidas dos animais para os seres humanos.
A Medicina Veterinária, ao abraçar e ligar os três aspectos dessa cadeia, revela-se uma das profissões mais completas do mundo. Foi criada com o dever de prevenir e curar doenças dos animais, mas sempre tendo como objetivo o homem e o serviço maior à humanidade.
O assunto tem ganhado espaço em reportagens, trabalhos científicos e no mundo acadêmico, como o artigo “O veterinário militar partícipe do processo One Health” assinado por dois oficiais médicos veterinários do Exército Brasileiro, Flávio dos Santos Marques e José Roberto Pinho de Andrade Lima. O texto foi publicado na revista Interdisciplinar de Ciências Aplicadas à Atividade Militar- RICAM, produzida pela Escola de Formação Complementar do Exército e Colégio Militar de Salvador.
O trabalho científico apresenta aspectos do emprego do oficial médico veterinário pela força terrestre sob o conceito de Saúde Única. O texto descreve diversas as atividades que o profissional pode desempenhar visando a saúde da tropa, principalmente dos humanos, tanto em tempo de paz como em operações. Essas ações envolvem principalmente segurança dos alimentos, prevenção de doenças de veiculação hídrica, controle de zoonoses, controle de pragas e vetores e inteligência em saúde.
O artigo selecionou três relatos de casos para apresentar o contexto: Gestão ambiental no 1° Batalhão Logístico da Selva em Boa vista (RR); atividades da Divisão de Biossegurança do hospital veterinário da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em Resende (RJ); e experiências dos oficiais militares em missões de paz no Haiti.
Em algumas páginas, os autores relatam a atuação do médico veterinário no meio ambiente desenvolvida por meio de um plano de gestão ambiental e de gerenciamento de resíduos sólidos no 1º Batalhão Logístico da Selva em Boa vista. O trabalho do profissional levou em consideração a legislação ambiental vigente, a promoção da educação dos oficiais e também o público externo; a economia de recursos naturais e energia nas atividades de apoio logístico; e adoção da coleta seletiva de resíduos no âmbito da unidade. Além de outras atividades da área veterinária, destaque para atuação no controle da qualidade da água e de pragas e vetores.
O artigo cientifico apresenta outro bom exemplo da ação de oficiais veterinários no processo da Saúde Única, o hospital veterinário da AMAN (Hvet/AMAN). Além de clínica e cirurgia de animais, existem no estabelecimento os setores de Laboratório de Inspeção de Alimentos e Bromatologia (LIAB) e de Vigilância Sanitária e Ambiental.
O LIAB é uma seção técnica destinada a garantir a qualidade da alimentação adquirida pelo Exército Brasileiro. Ele está sob a responsabilidade de médicos veterinários que têm a missão de estudar os meios de conservação e produção dos alimentos, identificá-los e conhecer suas composições químicas e seu poder nutritivo, suas alterações e os meios de evitá-las, e determinar adulterações ou falsificações que possam existir.
Além de prevenir surtos de doenças transmitidas por alimentos e água, no hospital, oficiais veterinários ministram cursos de boas práticas em manipulação de alimentos e instrução de lavagem de reservatório de água; palestras de boas práticas em biossegurança; inspeções sanitárias; segurança alimentar. Muitas também são as atividades desenvolvidas no setor de vigilância sanitária e ambiental, dentre elas o controle integrado de pragas e vetores.
Além disso, oficiais do Hvet/AMAN são incentivados a realizar pesquisas junto a estabelecimentos de ensino com o objetivo de produzir informações relevantes para tomada de decisões estratégicas. O estabelecimento mantém um calendário profilático para os animais; coleta de sangue; controle de transito; e captura, tratamento e castração de animais errantes.
O artigo descreve também o primeiro trabalho de um médico veterinário em missão de paz da Organização das Nações unidas (ONU), que foi no Haiti, em 2009. As atividades, de acordo com o texto, foram voltadas basicamente à saúde humana como: inspeção do recebimento e preparo dos alimentos; vigilância da higiene e qualidade da água consumida; gestão ambiental com foco na gestão de resíduos; controle de vetores; vigilãncia epidemiologica; e educação em saúde da tropa.
Verifica-se, assim, um aumento gradativo de médicos veterinários na Saúde Única, bem como a alcance de novos espaços. Uma das grandes barreiras para consolidação da conquista desses profissionais é o desconhecimento pela população da importância da participação do Médico Veterinário na saúde humana, animal e ambiental, acredita o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). As atividades são muitas e devem ser divulgadas, principalmente pelos próprios profissionais.
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Assessoria de Comunicação do CFMV