Animais
14/10/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:04am
Segundo definição, pecuária é a arte ou o conjunto de processos técnicos usados na domesticação e criação de animais com objetivos econômicos, feita no campo. Assim, a pecuária é uma parte específica da agropecuária. Dentro desta arte, estão as três principais criações: avicultura, suinocultura e bovinocultura.
No dia 14 de outubro, se comemora o Dia Nacional da Pecuária. E por isso, o Portal Agrolink homenageia os criadores de um dos maiores rebanhos do país: o zebu.
De acordo com a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), a história da pecuária bovina brasileira deve ser contada em dois tempos: antes e depois da introdução das raças zebuínas. De origem indiana, a espécie é conhecida como Bos Indicus. Segundo o presidente da ABCZ, Eduardo Biagi, até o século 18, o rebanho brasileiro era formado por animais mestiços, de pouca produtividade. Apenas na segunda metade do século 19 é que começaram a aparecer os primeiros plantéis de zebu puro, formados a partir de animais importados.
O ano de 1898 foi um marco, pois foi quando houve o registro das primeiras importações feitas pelo pecuarista mineiro Teófilo de Godoy, considerado um dos grandes pioneiros da raça. “Desde então, a trajetória das raças zebuínas no Brasil é de total ascendência”, diz Biagi. Ao longo de 100 anos, houve a introdução de pouco mais de 6.000 animais zebuínos. “Estes animais é que deram origem ao rebanho bovino brasileiro”, completa.
Contudo, a inserção desta raça não foi tão simples. Inicialmente, Biagi conta que a primeira dificuldade, e uma das maiores, foi a resistência de quem acreditava que o zebu era um animal selvagem, que não se adaptaria ao país. “Mas ele provou justamente o contrário. Os animais foram se mostrando perfeitamente adaptáveis ao clima e ao sistema de produção”, comenta.
Além da adaptação, os animais imprimiram qualidade e produtividade à carne e ao leite produzido. Inicialmente, as raças zebuínas avançaram muito na questão da pureza racial. Os pecuaristas brasileiros primaram por selecionar animais que representassem fielmente o padrão racial. “Posteriormente, começamos a selecionar os animais com base em seu desempenho zootécnico, através de provas como Controle de Desenvolvimento Ponderal e as Provas de Ganho de Peso para animais com aptidão para corte e o Controle Leiteiro para animais com aptidão leiteira”, comenta o presidente.
A partir deste ponto, foi formado um banco de dados que começaram a ser processados pelos programas de melhoramento genético e transformados em informação técnica. Hoje, o pecuarista conta com uma série de ferramentas que o auxiliam na seleção dos animais. “Com base em dados mais concretos, conseguimos avançar em diversas características, como o ganho de peso”, complementa, acrescentando que a mais recente tecnologia que deverá atuar em favor da produção é a seleção genômica, que está sendo pesquisada em diversas instituições do Brasil e do exterior.
A raça
De acordo levantamentos da Associação, estima-se que 80% do rebanho nacional seja formado por animais das raças zebuínas ou com sangue de zebu. De acordo com o Anualpec 2011, a projeção para o rebanho nacional é de 180.040.323 cabeças. A raça zebuína com maior expressividade no rebanho nacional continua sendo a nelore. Já a região com maior produção é a Centro-Oeste, que possui um rebanho estimado de 54.853.460.
Segundo Abiec, a rusticidade, em especial do nelore, confere à raça resistência ao calor, a doenças e parasitas. Algumas características corpóreas contribuem, como pêlos curtos e finos (facilidade na perda de calor) e pele com melanina (proteção contra raios ultravioletas) que tornam os zebuínos, em condições tropicais ou subtropicais, altamente eficientes para produção de carne. O aumento da superfície do corpo também favorece a perda de calor pelo animal.
A ABCZ
A Associação Nacional dos Produtores de Zebu possui mais de 18 mil associados em todo o país. Com a missão de contribuir para o aumento sustentável da produção mundial de carne e leite, através do registro, melhoramento e promoção das raças zebuínas, a associação desenvolve uma série de ações em prol do desenvolvimento da zebuinocultura brasileira.
Como exemplo o Pró-Genética, projeto que estimula a comercialização de tourinhos zebuínos registrados para pequenos e médios produtores rurais, com o objetivo de melhorar a qualidade dos animais e produtos produzidos por estes. “Além disso, a entidade procura estimular a participação dos criadores em programas como o Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos, desenvolvido pela própria ABCZ”, completa Biagi.
Em comemoração ao Dia Nacional da Pecuária (14 de outubro), o presidente da ABCZ, Eduardo Biagi, deixa um recado a todos pecuaristas: “sabemos que nos últimos anos houve um ganho de produtividade da pecuária brasileira, mas entendemos que é preciso sustentar os bons resultados dos últimos anos. Em 2001, por exemplo, a produtividade era de 38,4 kg de carcaça/hectare ano. Em 2010, aumentamos para 53,9 kg de carcaça/hectare ano. O Brasil dispõe de recursos naturais importantes (como clima, terras, água) para a manutenção da produção, também temos tecnologias perfeitamente adaptadas ao nosso sistema de produção. Os desafios não mudam muito. Mas uma ação primordial para mantermos a sustentabilidade da pecuária e aumentar os ganhos de produtividade é investir na recuperação das pastagens. Este será um grande desafio a partir de agora, uma vez que aproximadamente 70% dos 173 milhões de hectares de pastagens no Brasil apresentam algum grau de degradação. Além disso, o melhoramento genético do rebanho zebuíno nacional também deve ser mantido como prioridade. Por isso, é importante que os pequenos e médios produtores tenham maior acesso à genética de ponta. Outro ponto crucial é o combate à febre aftosa não só no Brasil, como também nos países da América Latina, com os quais temos fronteiras”.