Alimentos

03/11/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:04am

O uso de alimentos industrializados para o consumo humano na alimentação desses animais é uma das alternativas adotadas por suinocultores paulistas para substituir o milho e reduzir custos. Além da comida descartada pela indústria alimentícia, os suinocultores aprenderam a tirar vantagem da sazonalidade de outros grãos, como trigo e o sorgo, para compensar o preço da soja e do milho.

O balanceamento correto dos produtos, porém, exige que o criador formule a própria ração. O suinocultor Antônio Ianni está ampliando a fábrica para abastecer a granja que produz 4 mil suínos por mês. Hoje, a produção chega a 2.100 toneladas ao mês. Ele usa 15 formulações, incluindo aí os subprodutos da indústria alimentícia. "O suíno pode comer quase tudo o que nós comemos", diz. Aos salgadinhos que a indústria descarta por estarem fora de padrão se juntam sobras de biscoitos, restos de açúcar e leite em pó. "Há até aromas para melhorar o sabor", diz a encarregada Francisca Daline Oliveira.

Entre os produtos sazonais estão o sorgo e a quirera de arroz, além de grãos de trigo ou triticale. "Já comprei trigo por R$ 350 a tonelada porque tinha chovido na colheita e o moinho recusou o grão", diz Ianni. Ele diz que as alternativas industriais estão cada vez mais escassas porque, além de as fábricas terem reduzido os descartes, há concorrência pela compra dos produtos. Mesmo assim, os produtos alternativos representam 5% da ração. "Há oito anos chegava a até 40%", diz.

Na ponta do lápis. A alimentação, porém, não é o único componente do custo. "Nossa atividade ficou com margem muito estreita, por isso o criador precisa ter uma série de atitudes que, no fim, resultam em economia." Para o presidente da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS), Valdomiro Ferreira Júnior, o suinocultor precisa deixar de usar o milho como principal insumo da ração. "Com a saca a R$ 31 a conta não fecha", diz. Ele considera como cenário ideal para o produtor que o preço da arroba (15 quilos) de suíno seja equivalente ao de 2,5 sacas de milho. "Teria de vender a arroba por R$ 75, mas vendemos por R$ 53." Ele acredita que, no futuro, nutricionistas terão de encontrar alternativa de alimento para suínos e aves para excluir o milho.

O criador Alcides Pavan, de Pereiras, acha difícil achar um substituto. "Até usamos o sorgo, mas o milho continua sendo o melhor." Ele não vê como solução forçar a queda no preço do milho. "O milho não está caro; a carne é que está barata." Para ele, a cotação baixa desestimula a produção num Estado tomado por cana-de-açúcar. "O preço baixo do frango prejudica a cotação de outras carnes, como o boi e o suíno."

Além de sorgo, trigo, triticale e arroz, suínos alimentam-se de sobras de biscoitos, açúcar, leite em pó e até salgadinhos.